Em meio à disputa por cargos nas estatais, os servidores da Conab iniciaram um movimento interno para reagir à ocupação partidária da diretoria e ao loteamento político dos principais postos de comando da empresa. Dona de um orçamento de R$ 5,2 bilhões para 2011 e de uma grande autonomia para decidir onde aplicar esses recursos, a Conab desperta a gula dos partidos. O atual presidente Alexandre Magno Aguiar foi indicado pela cúpula do PTB governista em comum acordo com o PMDB do ministro da Agricultura, Wagner Rossi. Na diretoria, há nomes bancados por PMDB, PT e PRB.
Nos bastidores, informa-se que um acordo PMDB-PTB, patrocinado por Rossi e pelo ministro do Tribunal de Contas da União (TCU), José Múcio Monteiro, garantiria a sobrevida a Aguiar. Mais: a “diversidade” partidária da atual diretoria também seria preservada na gestão Rossi. Mas o diretor Silvio Porto angariou apoio de ministros do PT, movimentos sociais e até de lideranças ruralistas na tentativa de comandar a estatal.
Diante das movimentações de bastidores, a associação dos empregados da Conab (Asnab) rejeita a troca de favores ao pregar a “despartidarização” do comando da empresa. “O Estado não pertence a partidos políticos ou a interesses privados. A gestão tem que ser profissional”, diz o presidente da Asnab, Antônio Sérgio Camelo.
A Conab tem 4,3 mil funcionários espalhados em unidades operacionais e superintendências regionais, cujos comandos estão submetidos a indicações políticas e interesses partidários. “O momento do país é uma oportunidade ímpar para transformar o processo político-partidário e sua influência na gestão do Estado”, avalia o presidente da Asnab.
Os empregados da Conab pregam mudanças nas regras de sucessão e a “transformação” na gestão da estatal. E usam como exemplo a “blindagem” feita pelo governo na Embrapa, também vinculada ao Ministério da Agricultura. Na estatal de pesquisa agropecuária, os diretores têm mandato de três anos renováveis por igual período. São selecionados por um “comitê de busca” integrado por membros de fora da empresa. Têm que atender a requisitos técnicos e preencher exigências mínimas de conhecimento. “É preciso que a sociedade seja respeitada, envolvida na prática da representação política e tenha garantida sua liberdade de expressão e manifestação”, diz Camelo