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Um janeiro para esquecer

Valdomiro Ferreira Junior, presidente da APCS, avalia de forma negativa o desempenho da suinocultura nacional em janeiro. Milho prejudica a rentabilidade do setor.

O mês de janeiro de 2011 surgiu no calendário do suinocultor como um desastre econômico e levando os produtores a perdas que talvez os economistas mais requisitados de nosso País, não consigam justificar os efeitos agressivos entre oferta e demanda no segmento produtivo da carne suína.

Alguns fatores devem ser considerados para entendermos o que está acontecendo no mercado de suínos em nível Brasil

Inicialmente vamos analisar o mercado de grãos, em especial, o milho. Em Agosto de 2010, a saca de sessenta quilos era cotada com preço médio em R$ 20,63. Na mesma época o suíno era cotado em R$ 53,84/@, levando a relação de troca em 2,61: 1, ou seja, uma arroba suína comprava 2,61 sacas de milho. 

A partir desse momento, o Governo Federal entra no mercado incentivando leilões com premiação as exportações, resultando em números jamais vistos, recorde nas exportações, ultrapassando três milhões de toneladas a mais do que no ano anterior. Como o mercado é dinâmico, chegamos ao final de dezembro com preços praticados no mercado interno em R$ 28,15/saca. Um aumento no período (agosto/dezembro) em 36,45%. Nesse momento, os setores de suínos e aves, já cobravam da Conab, que a dosagem (interferência) do Governo, ultrapassava o equilíbrio de sustentabilidade entre os setores de carne e grãos. Não fomos ouvidos.

O pior de tudo fechou janeiro de 2011, com preços do milho em torno de R$ 32,50/saca e vendendo o suíno em R$ 48,00/@. Relação de troca de 1,48: 1. Uma das piores relações de troca da década passada.

Para piorar a situação, as exportações em 2009, somaram 607,5 mil toneladas. Em 2010, o volume embarcado ao mercado externo caiu 11,04%, para 540,4 mil toneladas, o mercado interno precisou absorver essa carne. Dessa forma, prevaleceu a oferta e demanda. Com excesso de oferta a carne suína não acompanhou a carne bovina, na melhor época de consumo (final de ano), poderíamos ter chegado a R$ 79,00/@, que representava naquele momento 70% do preço do boi, relação histórica entre as carnes.

Pressionado pelos preços baixos da carne suína e pelo elevado custo de produção os suinocultores estão com seus fluxos de caixa totalmente comprometidos e perdurando por algumas semanas essa situação, chegaremos ao sucateamento do setor primário.

O comprometimento das finanças deve-se também aos altos investimentos que o setor realizou em 2010, principalmente, nas questões de melhoria nas instalações, fábrica de rações e na aquisição de equipamentos.

Além de tudo isso, o segmento, está sendo pressionado pelos órgãos governamentais, na questão ambiental. Estão exigindo dos produtores, ações e tarefas com alto custo de implantação, sem a mínima abertura de créditos e financiamentos, combatíveis com a realidade da suinocultura brasileira.

E por fim, cabe a pergunta! O ministro que veio da Conab, órgão que regulamenta a política de abastecimento de grãos em nosso país, o que fará pelos suinocultores independentes, que foram sacrificados pela excessiva intervenção na questão do milho pelo Governo Federal. Precisamos urgentemente, também de uma política voltada para a regularização do mercado de carnes. Caso isso não aconteça, estaremos perdendo dezenas e dezenas de produtores ao longo dos próximos meses.

O pedido se faz por entender que neste momento, o desequilíbrio é exatamente entre a oferta e demanda, cabendo medidas saudáveis para atingirmos o equilíbrio novamente. Até porque, temos a convicção que a suinocultura brasileira, continuará sendo a “bola da vez” no cenário mundial. Entretanto, queremos continuar o jogo com jogadores em sua maioria brasileiros.

Valdomiro Ferreira Júnior, presidente da Associação Paulista de Criadores de Suínos (APCS)