As vendas externas da soja mato-grossense recuaram em 2010 14,86% ante o ano de 2009, resistindo inclusive ao apetite da China, principal compradora do produto. O Estado de Mato Grosso, no ano passado, deixou de exportar 5,41 milhões de toneladas do grão, de uma produção de 18,81 milhões de toneladas, quantidade destinada para a produção de biodiesel, farelo e óleo de soja. Em 2010 apenas 13,4 milhões de toneladas foram exportadas, enquanto que em 2009 foram 14,84 milhões de toneladas. Conforme produtores e especialistas, o aumento interno é visto com bons olhos.
O montante a ficar no Estado em 2011 ainda é incerto, mas a tendência é aumentar ainda mais. Hoje, a saca de 60 quilos da soja é comercializada em média a R$ 42,50. Somente a soja em grãos obteve uma retração de 22,18% nas exportações, uma queda de 10,64 milhões de toneladas em 2009 para 8,65 milhões de toneladas em 2010, de acordo com o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa). Já o óleo de soja teve sua exportação reduzida em 14,3%, passando de 403 mil toneladas em 2009 para 306,6 mil toneladas em 2010. Enquanto que o envio de óleo de soja bruto caiu 10,67% e o refinado retraiu 53,77%, os demais óleos de soja tiveram um incremento de 421,12% nas exportações, um salto de 116,3 toneladas em 2009 para 497,1 em 2010.
As exportações da soja mato-grossense começaram a reduzir a partir do momento em que indústrias como a Sadia, Perdigão e de biodiesel deram início aos investimentos no Estado, conforme relata o diretor da Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso (Aprosoja- MT) Ricardo Arioli. “Os investimentos destas indústrias, somados ao incremento na produção da avicultura, suinocultura e confinamento, demandam que fiquem aqui no Estado produtos de valor agregado”.
Para a consultora de comércio exterior da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) Sandra Bonju, se a produção de aves e suínos continuar em franco crescimento em Mato Grosso e a soja manter sua produção, a demanda interna deverá aumentar. “É possível que fique mais soja em Mato Grosso. Os setores de aves e suínos a cada dia crescem no Estado, porém por hora o biodiesel, cuja composição é 80% de soja, ainda é algo duvidoso, pois sua produção é cara”, diz Bonju.
Bom sinal – Segundo Arioli, a queda nas exportações é um bom sinal, principalmente para as indústrias mato-grossenses. “A diminuição nas exportações é uma tendência nacional. É mais rentável para o produtor, devido aos custos para transportar até os portos, principalmente. Para o mercado interno significa muito essa soja permanecer. Há projetos de ampliação no setor de aves e suínos e isso demandará a comercialização de farelo dentro do Estado.
É difícil prever, ainda, quanto ficará desta produção em Mato Grosso, pois ela aumentou e com isso a exportação deve ter algum incremento”, comenta Arioli. Hoje o frete ao caminhoneiro para transportar soja de Sorriso (MT) para o Porto de Paranaguá (PR) custa R$ 167,50 por tonelada, conforme o Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea-MT). Já de Canarana (MT) ao Porto de Santos (SP), R$ 155.