O Minerva, que inaugura amanhã sua primeira unidade de produção de biodiesel no país, espera para 2011 mais um ano de demanda forte no mercado interno, ao mesmo tempo em que aguarda uma recuperação na oferta de gado bovino para abate a partir do segundo semestre deste ano.
No ano que passou, as vendas da empresa no mercado doméstico cresceram 33,2% para R$ 1,196 bilhão enquanto no mercado externo o avanço foi de 26,7%, para R$ 2,373 bilhões. “Esse desempenho está relacionado à estratégia de pulverização nas vendas nos mercados interno e externo. No mercado doméstico, focamos o pequeno e médio varejo”, disse Fernando Galletti de Queiroz, presidente do Minerva.
Em 2010, o mercado externo teve peso de 66% no faturamento do Minerva, mas este ano o peso das vendas domésticas na receita deve crescer diante do mercado interno aquecido, segundo ele.
A taxa de utilização da companhia, que foi de 77% em 2010, também deve melhorar, segundo Queiroz. Além do incremento dos abates em duas unidades novas – Campina Verde (MG) e Rolim de Moura (RO) -, a expectativa também é de melhora na oferta de gado a partir do segundo semestre. “Desde 2006, há retenção de matrizes e não está havendo descartes”, comentou. Com isso, a oferta de animais para abate deve crescer. Hoje, o Minerva tem uma capacidade de abate de 10 mil bovinos por dia, considerando as unidades no Brasil, Paraguai e Uruguai, onde está finalizando a aquisição do frigorífico Pul.
Sempre cauteloso quando tema é aquisição, o presidente do Minerva disse que a empresa pode fazer novas compras “se o ativo estiver no lugar certo, com o preço certo”. Para Queiroz, grande parte das unidades que deixou de operar após a crise que afetou o setor a partir de 2008 não deve voltar à atividade. A razão é o elevado custo de retorno, já que essas fábricas sofreram depreciação. Isso significa, disse, que não haverá sobra de capacidade, um das fatores que levou o segmento de carne bovina a dificuldades.
Além disso, o mercado de crédito está mais seletivo, o que é “saudável”, segundo Edison Ticle, diretor financeiro do Minerva. “Havia excesso de liquidez. Agora, os bancos estão mais cautelosos”, acrescentou Queiroz. “E os preços dos ativos estão mais razoáveis porque não existe bolha”, concluiu.
De acordo com Queiroz, a previsão para este ano é de investimentos de R$ 80 milhões na manutenção e modernização de unidades industriais.
Além da unidade de biodiesel que inaugura em Palmeiras de Goiás (GO), o Minerva também pretende implantar fábricas de biodiesel em José Bonifácio e Barretos, ambas em São Paulo, onde tem abatedouros. A meta é ter uma planta de biodiesel em cada unidade frigorífica.
A matéria-prima utilizada para a produção de biodiesel será o sebo bovino, subproduto da planta de abate de Palmeiras de Goiás. Mas a unidade terá flexibilidade para usar outras matérias-primas, como óleo de soja.
Do lado financeiro, a meta do Minerva é ampliar o processo de desalavancagem da empresa iniciado em 2009, quando a relação Dívida Líquida/EBITDA foi de 4,32 vezes. Em 2010, essa relação foi de 3,97 vezes e o objetivo é ficar entre 3 e 3,5 vezes no fim deste ano, segundo EdisonTicle. Além disso, a empresa também deve manter o perfil da dívida “bastante alongada”. Hoje, o prazo médio dos débitos do Minerva é superior a seis anos, informou.