Os dois primeiros índices de inflação com dados do mês de maio apresentaram movimentos distintos para o item alimentação. O Índice de Preços ao Consumidor Semanal (IPC-S) Capitais, calculado pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) mostra alta de 1,39% no grupo em São Paulo, percentual superior ao 1,24% registrado na última semana de abril. No índice nacional (que engloba oito capitais), a alimentação acelerou de 1,04% na última prévia de abril para 1,26% na primeira prévia de maio.
Já o IPC da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe), também medido semana a semana, mas restrito à capital paulista, apontou desaceleração em alimentação, que foi de 0,46% para 0,30% entre o levantamento anterior e o atual, de 7 de maio, tendência observada há três semanas consecutivas.
Thiago Curado, economista da Tendências Consultoria e especialista em inflação, acredita que os dois indicadores entrarão em convergência já neste mês. “A piora do IPC-S não se sustenta. Os índices já devem começar a captar a devolução nos preços dos alimentos. Na medida em que a oferta se normaliza, os preços tendem a ter uma queda”. Segundo Curado, como a produção de alimentos em São Paulo já foi normalizada, a Fipe já captou essa mudança.
André Guilherme Pereira Perfeito, economista da Gradual Investimentos, concorda com essa projeção. “A alimentação continua um incômodo, mas se observarmos o IPA [Índice de Preços ao Produtor Amplo], tanto o agropecuário quanto o de matérias-primas, e a queda do índice de commodities do Banco Central (IC-Br), isso tudo é um cenário claro de que a inflação por meio dos alimentos deve ser mitigada nas próximas leituras”.
Os preços dos produtos agropecuários caíram 0,66% no mês passado, depois de um incremento de 1,08% em março na série do IPA. O IC-Br composto (que inclui commodities agrícolas e industriais) teve queda de 1,64% na passagem de março para abril, e o agropecuário recuou 2,91%.
O IPC da Fipe ficou em 0,64% na primeira semana de maio após quatro semanas de altas consecutivas, sendo que o da última semana de abril foi de 0,70%. O IPC-S teve a maior expansão em três meses no início de maio, indo para 1,05%. A última taxa apurada foi de 0,95%. No conjunto, o IPC-S de São Paulo também apresentou movimento distinto do índice da Fipe. Ele acelerou para 0,97% na primeira semana de maio, 0,04 ponto percentual superior a alta de 0,93% registrada na última semana de abril.
Segundo André Braz, economista da FGV responsável pelo IPC-S, a divergência entre esse indicador e o da Fipe ocorre porque a instituição paulista usa ponderações fixas nos bens que compõem sua cesta de produtos, enquanto na FGV, esses pesos variam: “As ponderações do nosso índice são revistas mensalmente. Outra diferença é que a Fipe capta tarifas públicas no regime de caixa, ou seja, só leva a tarifa em consideração quando ela vai ser paga pelo consumidor. O índice da FGV é estimado pelo regime de competência. São critérios que mudam o resultado”, explicou.