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Economia

Tendências de Mercado - Por Ferreira Júnior

A situação do segmento de suínos no Brasil está entrando em colapso, com dimensões extremamente preocupantes para a manutenção do setor produtivo primário em decorrência de fatores interno e externo.

A situação do segmento de suínos no Brasil está entrando em colapso, com dimensões extremamente preocupantes para a manutenção do setor produtivo primário em decorrência de fatores interno e externo.

Os efeitos são nítidos a partir de uma opção do país em querer ser o maior produtor de grãos e o maior produtor de carne. Essa equação só tem sustentabilidade com políticas agrícolas de longo prazo que possa dar respaldo aos dois setores (grãos e carne), entretanto, estamos muito longe de assistir essa cena.

Veja um exemplo prático ocorrido com o milho. O ano passado (2010) até o primeiro semestre a produção X consumo de milho mostrava um excedente de oferta sinalizando um estoque de passagem bastante alto. A partir de agosto o Governo Federal através da CONAB, interfere no mercado e inicia políticas de incentivo a exportação. Resultado dessa operação: milho, preço médio em julho na região de Campinas era de R$ 18,89/saca de 60 quilos, em dezembro do mesmo ano atingiu R$ 28,15/saca, e em fevereiro de 2011, a marca histórica (jamais vista) em R$ 32,50/saca. E para completar, atingimos a marca histórica de exportação de milho, ultrapassando os 10 milhões de toneladas, ou seja, 3,3 milhões a mais do que o ano anterior. Resultado: Um desequilíbrio total no mercado interno entre o produtor de grãos e o consumidor (suínos e aves).

E para completar a verdadeira desordem, o preço do suíno, despenca no mercado interno, motivado pelo excedente de oferta, em função do bloqueio da Rússia a nossa carne e o aumento da produção e da produtividade do nosso rebanho de suínos. Enfim, os produtores de suínos estão pagando caro pela sua eficiência, em contrapartida, ficam reféns de barreiras impostas por países que dão subsídios e protegem seus produtores. Em nosso entender, falta “agressividade” nas políticas externas em defesa de nosso maior patrimônio, o produtor rural brasileiro. Para quem quer ser o maior, é necessário, poder de gerência e organização para enfrentar os “gigantes”.

Em relação ao preço do suíno, estamos atingindo patamares de relação de troca (milho X suíno), jamais vistas.

Vejamos o quadro abaixo: 

Data

Suíno/arroba

Milho/saca

Relação

Julho 2010

R$ 49,73

R$ 18,89

2,63:1

Dezembro 2010

R$ 60,43

R$ 28,15

2,14:1

Fevereiro 2011

R$ 43,00

R$ 32,00

1,34:1

01/06/2011

R$ 40,00

R$ 30,50

1,31:1

Para concretizar de vez a real desordem que estamos enfrentando: 

Observando o mercado desde o ano de 2005, o pior preço nominal do milho ocorreu em abril de 2006 à saca atingiu o valor de R$ 13,81.

No caso do suíno o pior preço atingido no mesmo período foi em maio de 2006, valor de R$ 20,19/arroba. Isso quer dizer uma relação de troca entre suíno/milho de 1,46:1. 

Conclusão: Nossa relação de troca hoje é pior do que o pior momento dos últimos seis anos entre suíno e milho.

Caso desejamos continuar a produzir carne suína nesse país, ou mudamos a forma de agir, ou precisamos parar de alimentar nosso rebanho com milho. 

Convido a todos a refletir a situação imposta…. 

Por Valdomiro Ferreira Júnior, presidente Executivo da APCS