O programa criado pelo governo para fortalecer as cooperativas de crédito dobrou o patrimônio líquido dessas sociedades, permitiu a injeção de R$ 5,2 bilhões de capital novo no ramo e elevou em 148% a carteira de crédito dos grupos cooperativos.
Criado em 2006, o ProcapCred emprestou R$ 1,8 bilhão para cooperativas de crédito de todo o país. A linha empresta aos associados das cooperativas, o que tem reforçado um dos pilares do segmento, o vínculo permanente dos cooperados com seus grupos.
“É fundamental essa linha porque alavanca o patrimônio das cooperativas, um dos principais gargalos para elevar as carteiras de crédito desse ramo”, diz o presidente da Organização das Cooperativas Brasileiros (OCB), Márcio Lopes de Freitas. “Daí, a necessidade de mantermos essa linha de forma permanente com recursos baratos e condições favoráveis de financiamento”.
O aumento do capital social pelos associados, por meio do ProcapCred, garantiu lastro para alavancagem da carteira de empréstimos, segundo a OCB. E melhorou o nível patrimonial desses grupos. No período entre 2006 e 2010, as cooperativas elevaram sua carteira de crédito de R$ 12,1 bilhões para R$ 30 bilhões, uma significativa expansão de 148%, segundo dados do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) compilados pela OCB.
Nesses quatro anos, as sociedades também aumentaram o capital social de R$ 4,4 bilhões para R$ 9,6 bilhões (118%). O ProcapCred foi responsável por 15% dessa elevação. O patrimônio líquido das cooperativas deu um salto de R$ 6,2 bilhões para 13,2 bilhões (111%). O cooperativismo de crédito é composto por 1,3 mil grupos e mais de 5 milhões de associados em 40% dos municípios brasileiros.
O bom resultado indica um caminho ao governo para auxiliar no fortalecimento da economia rural por meio do cooperativismo. “Devemos chegar a R$ 800 milhões em empréstimos neste ano-safra”, avalia o gerente de Cooperativismo de Crédito da OCB, Sílvio Giusti. Em 2006, foram financiados R$ 300 milhões, mesmo volume de recursos emprestados em 2007. Em 2008, houve uma paralisação da linha e em 2009, foram liberados outros R$ 400 milhões.
De 2006 a 2011, em 47 meses de efetiva operação, a média mensal de liberação somou R$ 17 milhões. Nesse período, as operações superaram 150 mil, com média de R$ 5,15 mil por contrato.
O sucesso do programa ocorreu mesmo com um descompasso nas taxas de juros da linha apontado pela OCB. O ProcapCred tem encargos de TJLP (hoje em 6%) mais 4% ao ano – 1% para o BNDES. “Para viabilizar as operações, muitas cooperativas abrem mão dos seus 3%, mas ainda assim fica caro. É preciso reduzir isso, sair da TJLP, ir para 4% como é no Pronaf. Hoje, essa linha é três vezes mais cara, o que onera os cooperados”, diz Sílvio Giusti.
A OCB abriu negociações com o Ministério da Fazenda para reduzir os juros para o próximo ano-safra. E também solicita a ampliação do programa a cooperativas de funcionários públicos, profissionais liberais e empregados. Hoje, apenas produtores rurais e pescadores têm acesso ao ProcapCred.
Além disso, afirma Giusti, o governo precisa permitir o acesso das cooperativas a fontes mais baratas de recursos, como o Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT) e os fundos constitucionais (FCO, FNO, FNE). A medida beneficiaria os dois bancos cooperativos (Bansicoob e Bansicredi), confederações como a Unicred e 38 cooperativas centrais, dez das quais são independentes e não têm nenhum amparo no atual sistema. “Esses 13 atores beneficiaram 1 mil das 1,3 mil cooperativas de crédito”, afirma Sílvio Giusti.