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Fundos cortam aposta nas commodities

Incerteza em relação a futuro da economia global leva investidores a reduzir exposição nas bolsas. Mercado do milho foi mais castigado.

Fundos cortam aposta nas commodities

Os grandes fundos de investimento intensificaram os sinais de cautela em relação às commodities agrícolas. Dados divulgados na sexta-feira pela Comissão de Comércio de Futuros de Commodities (CFTC, na sigla em inglês) dos EUA mostram que os fundos liquidaram contratos de compra, papéis com os quais apostam na alta dos preços, em praticamente todos os produtos da cesta entre os dias 21 e 28 de junho.

Os números ainda não capturam as saídas relatadas no fim da semana passada, em reação às novas estimativas de oferta e demanda do Departamento de Agricultura dos EUA (USDA), consideradas baixistas.

O mercado de milho de Chicago foi o mais castigado. Em apenas uma semana, fundos se desfizeram de 94,9 mil posições compradas, o que corresponde a mais de 12 milhões de toneladas do grão – praticamente a produção anual do Paraná.

A liquidação foi a maior desde junho de 2009. O saldo líquido de compra dos fundos em milho caiu 18,1%, para 226,1 mil contratos, em apenas uma semana. É o menor patamar desde agosto do ano passado, próximo da metade dos 408 mil registrados em meados de janeiro. Os mercados de soja e derivados, trigo e café também sofreram com a fuga de capitais. Neste último, a posição líquida comprada pelos fundos caiu de quase 40 mil contratos, no início do ano, para menos de 4,9 mil há uma semana.

A perspectiva de aumento na área plantada com milho nos EUA e o início da colheita de café no Brasil têm influenciado negativamente os preços dessas mercadorias. No entanto, os fundamentos explicam apenas em parte a perda de apetite pelas commodities agrícolas.

As preocupações com o cenário econômico global parecem se sobrepor em todo o conjunto das matérias-primas. Na visão de muitos analistas, a desaceleração da atividade industrial em países como China, Índia, Alemanha e Reino Unido sugere uma menor demanda por metais, alimentos e combustíveis.

Ao todo, apontam dados da CFTC compilados pela Bloomberg, os fundos cortaram em 15% sua posição líquida de compra nas 18 commodities (agrícolas e minerais) negociadas nos EUA na semana terminada na última terça-feira. O volume apurado naquele dia, de 958,3 mil contratos, foi o menor desde julho do ano passado.

A postura dos fundos começou a mudar em maio. Segundo levantamento do Barclays Capital, investidores institucionais retiraram quase US$ 7 bilhões desses mercados naquele mês — o maior saque mensal desde outubro de 2008, início da crise financeira global.

Com a queda dos preços, o valor total movimentado por fundos e especuladores nas commodities caiu ainda mais, US$ 26 bilhões ou 5,7%, para US$ 425 bilhões. Essa foi a primeira queda desde agosto de 2010, e a maior desde outubro de 2008. Só nas agrícolas, o volume de capitais especulativos caiu 7,9%, para US$ 104 bilhões. Ainda assim, é 9,4% maior do que o registrado no fim de 2010. O investimento em commodities explodiu na última década. No início dos anos 2000, não passavam de US$ 15 bilhões. Em abril, bateu recorde ao atingir US$ 451 bilhões.