O limite para o custeio do milho não vai reduzir o da soja ou demais culturas como estava previsto até semana passada. O Conselho Monetário Nacional (CMN) resolveu modificar as normas que iriam limitar o crédito rural a R$ 650 mil por produtor ao igualar o cereal às demais culturas.
A mudança atende à reivindicação lançada duas semanas atrás pela Federação da Agricultura (Faep) e pela Organização das Cooperativas do Paraná (Ocepar). Como cada beneficiário poderá tomar R$ 500 mil para o milho, o novo teto para custeio é de R$ 1,150 milhão.
As duas organizações argumentaram que, ao cortar o tratamento especial para o milho, o governo provocaria um solavanco na produção que poderia mudar a intenção de plantio de uma série de culturas. Com menos dinheiro para o cultivo, o produtor seria obrigado a cultivar alternativas mais baratas, dependendo da situação de suas contas. O milho exige até R$ 1,8 mil por hectare no Paraná, maior produtor do cereal no verão. O CMN autorizou ainda a renovação simplificada de operações de crédito, o que reduz a burocracia.
Outras alterações – Além dos produtores de grãos, os pecuaristas também têm novo limite. O crédito de custeio para avicultura e suinocultura, no caso de beneficiários que atuam nos dois setores, será de até R$ 140 mil, com a soma do limite para cada área.
No apoio à comercialização da produção, a soma do saldo devedor por beneficiário passou de R$ 30 milhões para R$ 40 milhões. No caso do café, o crédito com recursos do Funcafé passa de R$ 750 mil para R$ 1,3 milhão por produtor (estocagem e Empréstimos do Governo Federal, EGF).
O valor máximo das operações de EGF, que variava de R$ 200 mil a R$ 650 mil, agora pode chegar a R$ 1,3 milhões por produtor. Além disso, foram criadas linhas especiais de crédito para mel de abelha e para laranja. Os recursos por produtor dentro do Programa de Modernização da Agricultura e Conservação de Recursos Naturais (Moderagro) voltaram ao valor máximo de R$ 1,8 milhão para empreendimento coletivo.
As ampliações se tornaram necessárias, em boa medida, devido às dívidas acumuladas pelo setor. O Congresso Nacional reavalia esse problema para chegar, com dados do Executivo, a um valor geral do endividamento, estimado em mais de R$ 100 bilhões.
Em operação – Os R$ 107,2 bilhões orçados para a produção comercial começaram a ser tomados ainda na sexta-feira no Paraná. O volume de recursos é 7,2% maior que o do ano passado, mas, na avaliação dos representantes dos produtores, o reajuste foi insuficiente.
Para que “a agropecuária seja tratada como prioridade, vai ser preciso um esforço muito maior da nação”, disse ontem (4) o presidente da Faep, Ágide Meneguette. Em sua avaliação, o setor tem servido como “instrumento para conter a inflação sob o jugo de uma política cambial perversa”.
A previsão é que o Paraná acesse ao menos R$ 20 bilhões do total de recursos, incluindo o PAP da agricultura familiar. Pela predominância de médios produtores, o estado é apontado como o mais dependente do crédito agrícola oficial. Só o Banco do Brasil, principal agente financeiro no setor, prevê a liberação de R$ 7,36 bilhões. A instituição quer ampliar sua participação e deverá liberar volume de recursos 17,24% superior ao de 2010/11.