Em março deste ano, a Embrapa Suínos e Aves (Concórdia-SC), empresa de pesquisa agropecuária vinculada ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, iniciou o que espera ser uma nova fase nos intercâmbios científicos da Unidade. Durante cerca de cinco meses, a médica veterinária Maria Soledad Serena, do Laboratório de Virologia da Faculdade de Ciências Veterinárias da Universidade Nacional de La Plata (UNLP), da Argentina, foi a primeira participante do programa de treinamento no exterior para bolsistas de pós-doutorado. O acordo básico de cooperação científica e tecnológica foi firmado entre os governos do Brasil e da Argentina, através da Embrapa e UNLP.
“Este projeto de cooperação técnica é muito importante para a troca de conhecimentos e experiências. O convênio foi uma ideia que deu certo e agora esperamos que seja uma parceria para o futuro”, diz a pesquisadora da Embrapa Suínos e Aves Janice Zanella, que supervisionou o treinamento. Janice considera que “apesar de vizinhos, Brasil e Argentina ainda estão distantes quando se trata de intercâmbio científico”, referindo-se às rotinas de laboratórios e métodos de trabalho, principalmente na área da suinocultura.
No período em que esteve na Embrapa Suínos e Aves, Maria Soledad desenvolveu suas pesquisas no Complexo de Laboratório de Sanidade e Genética Animal. O objetivo do trabalho foi estudar viroses que causam prejuízos para a indústria suinícola. “O treinamento nas técnicas de diagnóstico vai permitir suas aplicações nos laboratórios argentinos”, diz Maria Soledad, que também destaca a oportunidade proporcionada pelo intercâmbio científico. “É muito importante conhecer o dia a dia das práticas no laboratório, a estrutura e as técnicas. Agora o trabalho continua na Argentina”, afirma a pós-doutoranda.
A conclusão deste primeiro intercâmbio aconteceu no final de julho, quando Maria Soledad apresentou no auditório da Embrapa Suínos e Aves o seminário “Desarrollo de un ELISA diferencial basado en la expresión en baculovirus del mayor dominio inmunogénico de la glicoproteína E del virus de la EA”.
Brasil e Argentina – O país vizinho tem números bem distintos dos brasileiros com relação ao número de animais e consumo de carne suína. Enquanto no Brasil os rebanhos chegam a 37 milhões de cabeças, na Argentina não passa de 2,27 milhões de animais segundo as estimativas para 2009 da FAO (Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação).
O consumo anual de carne suína no Brasil chega a 13,34 kg por pessoa, enquanto na Argentina o valor cai praticamente pela metade, chegando aos 7,41 kg por pessoa, segundo números de 2010 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), do Instituto Nacional de Estadística y Censos da Argentina (Indec) e do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA).