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Economia

Crise nos Estados Unidos requer cautela

Especialistas afirmam que momento é de atenção às determinações do país norte-americano e de fortalecimento do mercado interno brasileiro. Professor de macroeconomia da Esags/FGV, Eduardo Becker, explica que essa crise é rescaldo da turbulência de 2008.

O cenário da economia dos Estados Unidos, que ganhou os holofotes do mundo após a agência de risco Standard & Poor’s duvidar da capacidade da potência norte-americana de pagar suas dívidas, requer cautela de investidores e empresários brasileiros. Ainda é cedo para avaliar os impactos, por isso o melhor a fazer é manter os investimentos, produção e consumo.

Tudo começou com o rebaixamento do rating norte-americano. Isso nada mais é do que a confiança que os investidores têm em determinado país. De AAA, caiu para AA+. Apesar de a mudança ser pequena, para os Estados Unidos, que sempre foram considerados nação triple A (nota máxima), isso gerou desconfiança. Com isso, os investidores sacaram seus recursos das Bolsas – inclusive da brasileira – e elas registraram fortes quedas no pregão de segunda-feira, primeiro dia depois do anúncio da S&P. Ontem, os mercados já estavam mais calmos e as Bolsas recuperaram parte das perdas.

O professor de macroeconomia da Esags/FGV Eduardo Becker explica que essa crise é rescaldo da turbulência de 2008. “A economia norte-americana ainda não se recuperou e, em um momento de turbulência, o que o governo deve fazer é se endividar mais para sair do buraco, gastando com obras públicas e geração de emprego para movimentar a economia. Só que os Estados Unidos ficaram com medo de aumentar o limite de seu deficit e isso trouxe desconfiança.”

Neste aspecto, o Brasil foi mais ousado e tomou medidas mais eficientes de combate à crise em 2008, o que deixa o País em posição mais confortável para enfrentar nova turbulência. O estímulo ao consumo, com redução de impostos, foi a principal arma e pode ser repetida caso a crise se agrave.

Embora seja cedo para estimar os impactos, especialistas afirmam que o momento é de atenção às determinações dos Estados Unidos e de fortalecimento no mercado interno brasileiro, reduzindo a dependência com outros países. Grandes companhias, caso da General Motors e da Petrobras, seguem com seus planos de investimento sem interrupção.

O maior reflexo neste momento é nas empresas que exportam para lá. Os Estados Unidos são grandes compradores de commodities brasileiras, como etanol, laranja e carne. No caso do Grande ABC, que exporta principalmente produtos manufaturados, como componentes de automóveis, eles não são mercado tão importante. O maior destino de itens da região é a América Latina.

Investidores devem ter calma e manter dinheiro na Bolsa – Quem possui dinheiro aplicado na Bolsa de Valores deve ter sangue frio e manter sua aplicação. “Não se desespere do mesmo jeito que os grandes investidores, seguindo o efeito manada. Mantenha sua carteira e não venda suas ações, pois elas estarão muito desvalorizadas”, orienta o coordenador do curso de Economia da Fundação Santo André, Ricardo Balistiero.

É exatamente por isso que, quem deseja entrar no mercado de capitais, a hora é agora, já que os papéis estão bem mais baratos. “As ações de siderúrgicas e petrolíferas são uma boa, pois com as obras de infraestrutura da Copa e da Olimpíada, e o pré-sal, no médio prazo terão lucro certo.” Mas o investidor tem não pode pensar na Bolsa como investimento de curto prazo. Trata-se de aplicação para mais de três anos.