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Empresas

Investimentos da Bunge

Empresas planeja expansão de US$ 2,5 bi em açúcar e álcool. Investimentos deverão ser realizados no país de 2012 a 2016.

A multinacional americana Bunge anunciou ontem que vai investir US$ 2,5 bilhões no Brasil entre 2012 e 2016 para elevar a capacidade de moagem de cana-de-açucar de suas oito usinas no país das atuais 21 milhões de toneladas para 30 milhões. Com isso, informou o brasileiro Alberto Weisser, presidente mundial da Bunge, a produção de etanol e de açúcar da empresa deverá crescer 50%, enquanto a cogeração de energia com bagaco de cana aumentará seis vezes.

Antes desse anúncio, realizado em São Paulo paralelamente a encontro da cúpula da companhia com a presidente Dilma Rousseff, a Bunge já contabilizava investimentos em cana-de-açucar no Brasil da ordem de R$ 5 bilhões, ou algo próximo de US$ 2 bilhões. Assim, o novo aporte significará para a multinacional mais que dobrar o que já foi aplicado até agora nesse segmento no país.

De acordo com Weisser, quase a totalidade desses recursos programados até 2016 virá do próprio caixa da empresa. Ele diz que está descartada a emissão de novas ações – a empresa é lista na bolsa de Nova York. No máximo, admite, a companhia poderá aumentar um pouco sua dívida com o lançamento de títulos no mercado, como bonds.

Segundo Weisser, crescer em açúcar e bioenergia no Brasil é estratégico para a multinacional, daí o montante de investimentos previsto. A empresa, no entanto, procura oportunidades para expandir sua produção de açúcar também fora do país, como já tentou fazer este ano na Austrália ao tentar adquirir uma empresa local de produção de açúcar. “Estamos buscando comprar indústrias desse segmento, e nossos alvos estão na Tailândia, na Índia e no leste da África, além da Austrália”, adiantou o executivo.

Na Argentina, a empresa também estuda implantar uma usina de etanol de milho, nos moldes das duas unidades que tem nos Estados Unidos. “Ainda estamos estudando esse projeto. Principalmente por causa do câmbio no Brasil, o custo de etanol de milho está mais baixo do que o de cana aqui”, diz.

Ele não descartou investimentos em usinas novas ou aquisições no período entre 2012 e 2016, quando a ampliação das unidades já existentes estará em curso. Mas ressaltou que as oito unidades em operação da multinacional ainda têm potencial para crescer acima de 30 milhões de toneladas de capacidade. “Poderemos, sim, a partir de 2015 continuar o plano de expansão e elevar a capacidade de moagem dessas unidades em mais 10 milhões de toneladas, totalizando 40 milhões de toneladas”, avisa.

Sobre construção de usinas novas, o presidente da Bunge no Brasil, Pedro Parente, pondera que neste momento ainda não há viabilidade econômica nesse tipo de projeto. “Serão necessários estímulos governamentais para que eles aconteçam, e acredito que o governo já esteja trabalhando neles”, afirmou Parente, poucos minutos após reunião de mais de duas horas com a presidente Dilma. Referindo-se à restrição de compra de terras por estrangeiros, ele acrescenta que as multinacionais terão essa dificuldade adicional para construírem “greenfields”, uma vez que usinas novas demandam pelo menos uma parcela de canaviais em terras próprias para oferecer garantia mínima de oferta da material-prima.

Os dois executivos não descartam novos investimentos em logística para suportar o crescimento programado de 50% na produção de açucar e etanol. Afora os aportes recém anunciados em cana, a Bunge em 2011 está aplicando no país cerca de US$ 350 milhões nessa área, sobretudo já para elevar em mais 70 mil hectares seus canaviais.