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Frigoríficos

De novo, Independência ganha tempo

Credores da empresa suspenderam assembleia que discutiria a venda de um bloco de ativos da companhia.

Com as alternativas de solução para as dívidas do frigorífico Independência chegando ao fim, os credores da empresa aceitaram ontem suspender novamente a assembleia que discutiria a venda de um bloco de ativos da companhia, conforme prevê o plano de recuperação judicial do Independência.

O pedido de suspensão foi feito pela paranaense Alfredo Kaefer Ltda., dona da Diplomata, que ofereceu R$ 250 milhões pelos ativos colocados à venda pelo Independência. O montante é bem inferior ao previsto no plano de recuperação judicial, que definiu que a venda dos ativos não poderá ser feita por menos que R$ 706,9 milhões, valor pelo qual as unidades foram avaliadas. O frigorífico busca alienar ativos numa tentativa de pagar parte de suas dívidas estimadas hoje em R$ 1,650 bilhão. A nova assembleia será dia 3 de outubro.

“Diante da aparente inadequação de forma e valor em relação ao que está no edital [de venda dos ativos], pedimos a suspensão da assembleia para que possamos conversar individualmente com os credores”, disse Thomas Müller, advogado da Alfredo Kaefer.

Segundo ele, a empresa que representa “tem interesse em chegar ao valor da avaliação”, ou seja, aos R$ 706,9 milhões. “Sei que a angústia dos credores é grande, mas a eventual ausência de propostas [de compra] levará à falência”, disse à plateia de credores.

Também defendendo a suspensão, o advogado do Independência, Luís Fernando Paiva, disse que “a interrupção do processo [de avaliação da proposta] consolida a pior perda para todos ” diante do cenário difícil para o setor de carne bovina.

Müller disse que a intenção da Alfredo Kaefer é pagar os credores do Independência com o “resultado da própria operação”. A proposta inicial previa carência de três anos e pagamento em dez anos, sem diferenciação em relação ao tipo de credor. A nova proposta a ser negociada mantém a carência, mas o prazo e os critérios de pagamento ainda terão de ser discutidos com os credores.

Müller informou que a meta da empresa paranaense é operar inicialmente com 80% de capacidade de abate de bovinos das unidades à venda e alcançar uma margem Ebitda de 5,7% no primeiro mês de operação. Caso as metas não sejam atingidas e houver inadimplência, a Alfredo Kaefer pode ser executada, explicou.

Ele não vê como empecilho à aquisição dos ativos o não pagamento pela Diplomata de um dívida de US$ 65 milhões, no começo de 2009, referente a uma operação de pré-pagamento de exportação, que teve como agente o Law Debenture.

Os ativos colocados à venda pelo Independência são um abatedouro e um curtume em Nova Andradina (MS), um abatedouro em Campo Grande (MS), outro em Senador Canedo (GO), dois armazéns em Santos e Barueri, e quatro terrenos – em Juína, Pontes e Lacerda e Confresa, em Mato Grosso, e em Paraíso do Tocantins (TO).

Além da Alfredo Kaefer, a Rios e Associados Ltda ofereceu R$ 180 milhões pelos ativos do Independência. Outras três empresas fizeram propostas por unidades isoladas. A Ducargo Logística Ltda fez oferta pela planta de Campo Grande, o Curtume Viposa S.A, por Nova Andradina, e Aristides Vilhena, por Santana do Parnaíba.