O Brasil mantém a liderança nas exportações mundiais de carne de frango e bovina. É o segundo maior produtor mundial de carne bovina, perdendo, apenas, para os Estados Unidos. É o terceiro maior produtor de carne de frango, antecedido por EUA e China e o quarto maior produtor de carne suína. Deverá manter essas posições em 2012, embora a competição seja acirrada no mercado internacional.
A comercialização de proteína animal brasileira deverá fechar o ano de 2011 com receita da ordem de 14 bilhões de dólares.
No mercado interno disponibiliza, aproximadamente, 18,8 milhões de toneladas de carnes, com um consumo aparente de 96,9 quilos por habitante/ano.
Desta feita, é notória a importância deste setor produtivo para a Balança Comercial Brasileira e para os produtores de insumos, prioritariamente, milho e farelo de soja, principais componentes de ração animal.
O mercado mundial de carnes apresenta dados bem ajustados na relação oferta/demanda, em função das características típicas do produto, notadamente do fator perecibilidade. Assim, não é prática usual a formação de estoques, dado os altos custos para armazenagem e conservação, sob condições frigorificadas.
Segundo previsões do USDA (United States Departament of Agriculture), a carne bovina deverá ter a produção e o consumo em 2011 muito próximos dos números observados em 2010. A carne suína também deverá apresentar um crescimento de produção e consumo da ordem de 1,3%, em relação a 2010. Já a carne de frango poderá ter um desempenho melhor, com crescimento da produção e consumo por volta de 3%.
Mercado Internacional
O mercado externo encontra-se bastante restritivo às importações de carnes brasileiras. Excetuando a carne de frango que deverá encerrar 2011 com um acréscimo nos volumes exportados de cerca de 5% em relação a 2010, as demais carnes deverão ter desempenho negativo nos volumes a serem exportados em 2011.
A situação mais preocupante é da carne bovina que aponta para uma redução da ordem de 17% nos volumes a serem exportados em 2011, comparativamente ao ano anterior.
Já a carne suína poderá sofrer uma queda de cerca de 1,5% nos volumes a serem exportados, em comparação a 2010. O embargo russo à carne suína gerou forte especulação no setor, inundando o mercado interno com a carne destinada à exportação, deprimindo preços.
As projeções sinalizam que, no geral, as carnes brasileiras sofram uma redução de aproximadamente 1% nos volumes a serem exportados em 2011, comparativamente ao ano de 2010.
Contudo, a receita deverá crescer por volta de 14%, uma vez que os valores das carnes, em dólares, tenham apresentado melhora significativa no mercado internacional, muito embora o câmbio tenha se comportado negativamente para a receita dos produtores. O destaque fica para a carne de frango, cuja receita em 2011 deverá crescer por volta de 22%.
Questões sanitárias, exigências de rastreabilidade e dificuldades enfrentadas pelas economias de países importadores têm contribuído para esse cenário desfavorável às exportações das carnes brasileiras. Já o mercado asiático mostra grande potencial para expansão das exportações, notadamente de carne de frango.
Mercado Nacional
Em 2010 as carnes apresentaram recuperação de preços, cujo pico foi atingido em dezembro. Em 2011 iniciou-se um processo de queda de preços, porém ainda se mantendo em patamares superiores àqueles observados nos mesmos períodos de 2010, exceto para a carne suína. O traseiro bovino acumulou 11,6% de acréscimo de preços nominais no período de agosto de 2010 a julho/2011. O frango congelado, 7,1% no mesmo período. Já o pernil suíno teve uma queda de 11,1%.
A carne bovina alavanca a elevação de preços para as demais carnes, uma vez que o consumidor opta pela substituição do produto quando os preços desta se elevam muito. O abate de fêmeas em 2005 e 2006 provocou a escassez de animais prontos para o abate desde 2010, considerando que o tempo médio para que um bezerro fique no ponto é de aproximadamente três anos, além do tempo necessário à reposição de matrizes reprodutoras.
A carne de frango é a preferida pelo consumidor ao substituir a carne bovina. Como o ciclo de produção do frango é bastante curto – cerca de 38 dias – permite ao setor se ajustar rapidamente às variações de demanda do mercado.
Já a carne suína tem um ciclo médio de produção de aproximadamente 170 dias, dificultando o ajuste da oferta às oscilações da demanda. Contudo, a concentração das exportações para o mercado russo e para Hong Kong, deixa o setor bastante vulnerável às especulações quando ocorrem quaisquer restrições nesses mercados, embora apenas 17% da produção sejam destinadas ao mercado externo. O embargo russo à carne suína brasileira, ocorrido em junho de 2011, levou o setor produtivo a uma crise, considerando que boa parte da carne produzida com destino às exportações ficou no mercado interno, desequilibrando a relação oferta/demanda.
Outro fator que afeta atualmente a produção de carnes são os preços da ração que aumentaram muito ultimamente, em razão da elevação dos preços do milho e do farelo de soja, principais componentes da ração. Esses dois insumos tiveram aumento de mais de 20% no período de agosto de 2010 a julho de 2011, bem acima das variações nominais das carnes no mesmo período.
Dessa forma, os custos de produção estão bastante elevados comparativamente ao ano anterior, em proporções bem mais altas que as variações de preços das carnes, pressionando negativamente a rentabilidade do produtor.
Internamente, a oferta e o consumo de carnes têm aumentado significativamente. A melhora da renda da população aumentou a demanda por carnes, principalmente bovina e de frango, cuja disponibilidade per capita por habitante/ano bateu recorde em 2010, com 43,9kg.
A carne bovina, cuja oferta diminuiu nos últimos anos em razão dos abates de matrizes anteriormente mencionados, vem apresentando recuperação da oferta. A escassez de bovinos prontos para o abate tem sido inferior à demanda e com isso os preços se mantêm elevados.
Já a carne suína apresenta um crescimento modesto da oferta. Questões culturais dificultam o aumento do consumo interno. Para mudar esse cenário, o setor vem envidando esforços na mudança de hábito do brasileiro no que se refere a consumir mais este tipo de carne, criando, inclusive, o Projeto Nacional de Desenvolvimento da Suinocultura (PNDS), para maior divulgação do produto.
O embargo russo à carne suína em junho/2011, provocou fortes especulações no setor e aumentou a oferta interna do produto cujo destino era o mercado externo, levando a uma depressão dos preços, agravado pelo aumento dos custos da ração, uma vez que milho e soja, principais componentes da ração, aumentaram mais de 20% nos últimos doze meses.
Fatores Críticos
No mercado interno, o fato que mais preocupa o setor produtivo está relacionado aos custos da ração. Milho e farelo de soja, principais componentes estão em patamares de preços históricos muito elevados em contraponto aos preços das carnes que não acompanharam a evolução dos preços da ração. Assim, a rentabilidade do setor está em desvantagem, mesmo com os preços praticados atualmente.
Outro ponto crítico é o câmbio. Com a valorização do real frente ao dólar, as exportações também perdem em receita.
Por fim, as incertezas para as economias dos mercados internacionais afetadas pela crise norte americana e pelos abalos no mercado europeu, formam um cenário sombrio para 2012.
Análise Prospectiva
Segundo as previsões do USDA (United States Departament of Agriculture) para 2011, o mercado mundial de carnes mostra-se bastante ajustado, conforme já dito anteriormente. Para 2012 esse cenário deverá se manter.
No âmbito interno, espera-se a melhora na oferta de carne bovina com o aumento da reposição de fêmeas reprodutoras, mas ainda abaixo dos níveis verificados até 2006. Com demanda elevada os preços tendem a se manter firmes.
A carne de frango poderá expandir mercados no continente asiático, proporcionando-lhe um crescimento da ordem de 5%. A situação mais preocupante é para a carne suína, com alto grau de concentração de exportações para Rússia e Hong Kong, cujas incertezas não permitem antever um prognóstico confiável.
A sazonalidade das carnes indica preços mais elevados no segundo semestre do ano, bem como aumento do consumo, favorecidos pelas condições climáticas e pelas festas de final de ano.
De acordo com as projeções, o traseiro bovino poderá atingir preços máximos, variando entre R$ 7,80 e R$ 9,60 por quilo nos meses de novembro e dezembro de 2012; e preços mínimos variando entre 6,70 e 8,10 por quilo nos meses de abril e maio, no mercado interno.
Os preços do frango resfriado poderão variar entre R$ 2,80 e R$ 3,20, porquilo nos meses de novembro e dezembro de 2012; e entre R$ 2,25 e R$ 2,95 por quilo nos meses de abril e maio.
Já os preços do pernil suíno poderão alcançar entre R$ 4,30 e R$ 6,20 nos meses de outubro a dezembro de 2012; e entre R$ 4,00 e R$ 5,50 por quilo nos meses de abril a junho.
Os preços internacionais da carne bovina tendem também a se manter nos níveis praticados em 2011, podendo variar entre US$ 4.400 e US$ 5.000 por tonelada. Para a carne de frango os preços poderão oscilar entre US$ 1.980 e US$ 2.150 por tonelada e para a carne suína, entre US$ 2.700 e US$ 2.950 por tonelada.
As incertezas ficam por conta dos reflexos da crise norte americana e pelas instabilidades econômicas da União Europeia que podem afetar as economias de outros mercados.