Ao completar 34 anos de criação, Mato Grosso do Sul tem nos setores sucroenergético e de florestas plantadas (silvicultura) duas das principais alternativas de desenvolvimento econômico. A avaliação é do consultor em agronegócio João Pedro Cuthi Dias.
Dias aponta que, nos dois setores, a grande disponibilidade de terras do estado, principalmente as áreas degradadas, que chegariam a mais de 7 milhões de hectares, segundo ele, são fatores que favorecem a expansão.
“No caso do setor sucroenergético, a demanda crescente por etanol e por energia é um grande impulso. As usinas que estão se instalando já vem preparadas para produzir etanol, açúcar e cogerar”. Segundo consultor, o estado tem condições de, em pouco tempo, passar da quinta para a segunda posição de maior produtor do país. “Mas precisamos resolver questões de logística e de disponibilidade de recursos para novas plantas para explorar esse potencial”, analisa.
No que se refere a silvicultura, o consultor diz que o mercado internacional vai regular o ritmo da expansão. “O crescimento em Mato Grosso do Sul está se baseando principalmente nos projetos para produção de celulose, então, se a demanda do mercado externo, principalmente da China continuar aumentando, a velocidade dessa expansão vai ser maior”.
O presidente da Associação Sul-Mato-Grossense de Produtores e Consumidores de Florestas Plantadas (Reflore) e coordenador da Câmara Setorial da Floresta, Luís Calvo Ramirez Júnior, diz que a projeção é que no prazo de 10 anos, a silvicultura salte no estado dos atuais 450 mil hectares cultivados para 1 milhão de hectares.
Ramirez, assim como Dias, comenta que os grandes projetos de produção de celulose estão alavancando a atividade. “Temos uma indústria em operação que tem capacidade de produção de 1,2 milhão de tonelada de celulose por ano e que impacta o PIB [Produto Interno Bruto] do estado em 13,5%. Essa empresa quer dobrar a capacidade e já tem outro projeto, de outro grupo, em andamento e mais um desse porte em estudo”, aponta.
Acelerado – No setor sucroenergético o avanço do estado também tem ocorrido em ritmo acelarado, conforme analisa o presidente da Associação dos Produtores de Bioenergia (Biosul), Roberto Hollanda Filho. Na safra 2011/2012, Mato Grosso do Sul deve registrar o maior crescimento percentual da produção de cana-de-açúcar do país, 9,8%, saltando de 33,5 milhões de toneladas para 36,5 milhões de toneladas.
Com o aumento da produção de matéria-prima vai ocorrer também, conforme a Biosul, um incremento no processamento de açúcar, que vai saltar de 1,3 milhão de toneladas para 1,5 milhão de toneladas (15,3%) e de etanol, que vai passar de 1,8 bilhão de litros para 2,05 bilhões de litros (10,8% a mais).
No estado, o parque industrial do setor sucroenergético tem 21 plantas em operação e mais duas novas usinas devem entrar em atividade ainda em 2011. Sozinho, o setor foi o responsável em 2010, de acordo com dados da Relação Anual de Informações Sociais (RAIS), por 5,6% do estoque total de empregos formais do Estado.
Isso representou, conforme a Biosul, 26 mil postos de trabalho, sendo 18 mil na área agrícola e oito mil na industrial.
Esse crescimento do setor, coloca o Estado como o quinto maior produtor nacional de cana, atrás apenas de São Paulo, Minas Gerais, Goiás e Paraná, conforme a Biosul.
O presidente da Biosul comenta que uma série de fatores favorece o crescimento do setor no Estado, como condições de solo e clima e o ambiente institucional. Filho projeta que em um prazo de quatro a cinco anos, de quinto maior produtor nacional, Mato Grosso do Sul deve ‘brigar’, possivelmente com Minas Gerais e o Paraná, pela segunda posição no ranking brasileiro.