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Exportação

Rússia descartada

Suinocultura brasileira desiste de brigar por mercado russo. Hong Kong e China passam a ser prioridades.

Rússia descartada

O mercado de suínos brasileiro já começa a descartar a participação da Rússia entre os grandes importadores da proteína nos próximos anos. A informação é da Associação Brasileira da Indústria Produtora e Exportadora de Carne Suína (Abipecs), ao acrescentar que ainda neste ano Hong Kong passará a ser o primeiro destino para os suínos do País.

“Acredito sim que a Rússia não fará mais parte do grupo de grandes importadores de carne suína do Brasil. Estamos de olho na Ásia, principalmente em Hong Kong, que segue importando volumes bastante expressivos dessa carne”, contou Pedro de Camargo Neto, presidente da Abipecs, ao informar que as exportações de Hong Kong, de janeiro a outubro deste ano, já superaram a marca de 107 mil toneladas, contra as 120 mil toneladas da Rússia.

O embargo russo às carnes brasileiras, que já perdura por cinco meses, parece longe de uma solução. Segundo o diretor do Departamento de Inspeção de Produtos de Origem Animal (Dipoa/SDA), Luiz Carlos de Oliveira, “não há nenhuma novidade em relação à Rússia, está tudo do mesmo jeito. Seguimos produzindo os trabalhos, e aguardando a missão deles”.

Em outubro houve uma redução das exportações de carne suína de 7% em volume na comparação com o mesmo período do ano passado e de 5,51% no acumulado do ano, ante 2010. Já o faturamento aumentou 8,64% no mês e 5,88% de janeiro a outubro. Houve uma elevação do preço médio de 16,90% em outubro e de 12,05% nos dez primeiros meses do ano. Até outubro, o Brasil exportou 436,45 mil toneladas da proteína e obteve uma receita superior a US$ 1,2 bilhão.

O presidente da entidade também comentou que segundo o relatório do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), em 2011, a Rússia importará 930 mil toneladas de carne suína e a China e Hong Kong, juntos, importarão 910 mil toneladas.A expectativa para 2012, é que os russos comprarão apenas 700 mil toneladas e os dois países da Ásia elevarão seus montantes para mais de 940 mil toneladas.

A maior expectativa ainda remete a China, que começará a importar carne suína do Brasil ainda este mês, confirmou Camargo Neto. “A China começará a importar do Brasil nesse mês. Acredito que tanto a Marfrig quanto a Brasil Foods começarão a embarcar esse ano, e a Aurora começará no ano que vem mesmo”, disse o executivo da Abipecs.

Em contato com a empresa BRF, a mesma confirmou que irá de fato iniciar seus embarques para os chineses nesse ano, entretanto preferiu não comentar sobre as quantidades e valores acertados. Já a Marfrig não quis comentar, entretanto fontes do setor garantiram que a empresa será a primeira a embarcar a proteína para os chineses ainda este mês. “No ano que vem com a soma desses dois mercados [China e Hong Kong] o Brasil terá novamente dois mercados muito importantes para essa proteína”, comentou Camargo Neto.

Em outubro, as vendas para o mercado russo caíram 83,77% em toneladas, ante outubro de 2010, enquanto para Hong Kong houve crescimento de 36,75% e de 32,42% no acumulado, em relação ao mesmo período de 2010.

Algumas empresas catarinenses chegaram a comentar ao DCI que os embarques de carne suína para Hong Kong cresceram 30% do acumulado de janeiro a outubro do ano passado em comparação com o mesmo período deste ano. Além dos miúdos, como o pé e a orelha do animal tradicionalmente importados pelo país asiático, a novidade vista este ano após o embargo russo, é o embarque dos cortes de maior valor, como o pernil, partes até então descartadas por Hong Kong.

Outros mercados

Enquanto Hong Kong se torna uma referência para as exportações de carne suína e a China é ressaltada como mercado potencial em 2012. As conversações para abertura de Japão e Coréia do Sul ainda seguem lentas. Segundo Oliveira do Dipoa, as informações solicitadas estão sendo respondidas, mas “a Coréia do Sul, nos pediu mais informações sobre alguns itens que já havíamos respondido”, declarou o executivo que não soube informar a razão para os coreanos pedirem explicações já enviadas.