O excesso de chuvas na Região Sul nos últimos meses trouxe mais prejuízos para o setor agrícola do Rio Grande do Sul. O Estado de Santa Catarina não foi afetado e o Paraná, apesar das chuvas, mantém a expectativa de voltar a ser o maior produtor brasileiro de grãos, com uma produção de 29 milhões de toneladas este ano. Esse total representa 20% da produção nacional, estimada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) em 140 milhões de toneladas.
No Rio Grande do Sul, segundo a coordenação da Defesa Civil, vias rurais e lavouras foram afetadas. Os maiores danos concentram-se nas áreas rurais dos municípios. O Estado é o maior produtor nacional de arroz, contribuindo com 63,1% da produção brasileira. Relatório do Instituto Rio Grandense do Arroz (Irga) mostra que as chuvas vão interferir na produtividade que poderá ter redução de 950 quilos/hectare. A expectativa é colher 6,9 milhões de toneladas, ante 8 milhões de toneladas da safra passada.
O último boletim da Conab mostra que a semeadura da safra 2009/10 no Rio Grande do Sul não foi concluída devido ao excesso de chuvas, enchentes e enxurradas. O período ideal para estabelecimento da cultura já se esgotou e o produtor está encontrando dificuldades para conseguir sementes de ciclo curto. De acordo com o Irga, os agricultores conseguiram plantar até hoje (11), 1 milhão e 67 mil hectares, que correspondem a 98% da área de plantio.
As chuvas que atingiram Santa Catarina não tiveram influência no setor agrícola, na avaliação do engenheiro agrônomo Júlio Rodigheri, do Epagri, órgão do governo estadual responsável pelo planejamento agrícola. Ele disse que o maior temor do estado é em relação à falta de chuvas. “Tivemos perdas significativas em quatro das últimas seis safras devido à estiagem.”
Segundo o técnico, o Estado deve colher 3,3 milhões de toneladas de milho, 1,2 milhão de toneladas de soja e 1,1 milhão de toneladas de arroz. “Estamos na expectativa de uma boa safra. Tivemos uma redução de 9% na área plantada de milho e aumento de 14% na área de soja que está com maior liquidez e custos de produção mais baixos. Esta foi a principal alteração no quadro agrícola catarinense”.
No Paraná, segundo o secretário da Agricultura, Valter Bianchini, a preocupação é com a qualidade do feijão, cultura que está em fase de colheita. Ele disse que se as chuvas dos próximos dias forem intensas a safra poderá ser comprometida. Bianchini descarta prejuízos nas lavouras de soja e milho.
“Estamos iniciando a colheita da safra de verão, que deve permanecer em torno de 20 milhões de toneladas. Janeiro é mês de plantio da safrinha de milho e a segunda de feijão, que devem render entre 6 e 7 milhões de toneladas e em abril plantamos a safra de inverno, com cerca de 3,5 milhões de toneladas de trigo”, disse o secretário.