“A China passa por uma fase de transição. Aquelas imagens de crianças pobres e subnutridas não espelham mais a realidade chinesa. Na verdade, a obesidade é hoje um problema maior que a fome, pois a comida é abundante e barata. O que os chineses procuraram agora é qualidade. E estão dispostos a pagar mais por isso”, afirma o economista do USDA Fred Gale.
“O preço não é mais uma limitação para o consumidor chinês. Pelo contrário. Entre as camadas mais altas da população, há um entendimento de que preço alto é um indicador de qualidade. Eles compreendem que a sustentabilidade e a rastreabilidade têm um custo”, concorda Kevin Latner, diretor da secretaria de comércio exterior do USDA na China.
Segundo ele, pessoas nessa faixa de renda dão preferência a alimentos frescos e produtos de marcas conhecidas e chegam a desembolsar até três vezes mais com alimentação do que a média nacional. São os gastos que mais crescem na China, afirma. Superam o crescimento das despesas com outros itens básicos como moradia, educação, transporte e saúde. “E vão continuar no topo da lista nos próximos cinco anos”, prevê Latner.
Gale relata que a produção sustentável é uma das metas do governo chinês, que recentemente liberou US$ 1,76 bilhões para conter a poluição e incentivar a preservação dos recursos naturais. “A China tem consciência que tem problemas ambientais sérios e que a agricultura é a principal responsável por isso. Eles entendem que para poder crescer é preciso preservar a água, o solo e os recursos naturais. Mais ainda há um longo caminho a percorrer”.