A cotação internacional da soja, determinada pela Bolsa de Chicago, nos Estados Unidos, já caiu cerca de 8% neste ano, com o bushel (27,2 quilos) a US$ 9,5 no momento, valor que, apesar de mais baixo que na virada do ano passado, ainda se mantém acima do preço histórico de US$ 8,5 de acordo com o coordenador-geral de Oleaginosas e Fibras, do Ministério da Agricultura, Sávio Rafael Pereira.
Ele disse que a pressão de baixa nos preços da soja decorre da expectativa de forte oferta do produto, neste ano, no mercado internacional, pois segundo previsão do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) haverá safras recordes de soja nos três maiores produtores (EUA, Brasil e Argentina), com oferta adicional estimada em 42,5 milhões de toneladas.
Pelos cálculos do USDA, os EUA devem colher cerca de 91 milhões de toneladas (13,2% a mais que na safra anterior), o Brasil terá uma produção em torno de 65 milhões de toneladas (+13%) e a Argentina, que no ano passado teve quebra de 31% na colheita de soja, terá uma safra de aproximadamente 53 milhões de toneladas neste ano, com expansão superior a 62%.
Em meio às circunstâncias de aumento da produção com baixa demanda mundial pelo produto, ainda como reflexo da crise financeira mundial iniciada em 2008, é natural, segundo ele, que a cotação caia um pouco. Mas, “o que mais tira competitividade da produção brasileira é o custo da logística”, no seu entender, uma vez que a Região Centro-Oeste, onde mais se cultiva o produto no Brasil, fica muito distante dos portos, e o frete encarece o produto de 25 a 30%.
Os sojicultores estão, de modo geral, apreensivos com o aumento da oferta e a consequente redução do preço da soja, e isso já se faz sentir nas áreas que iniciaram a colheita, principalmente em Mato Grosso do Sul e em Goiás. Nesses estados, o produtor está conseguindo preço médio de R$ 32 pela saca de 60 quilos, ante expectativa anterior de R$ 35.
Sávio Rafael acredita, contudo, que os preços nacionais da soja devem se manter em um patamar razoável, visto que a demanda doméstica por farelo para a alimentação do gado e de frangos é boa. Esse é um segmento que promete puxar o consumo de soja, pois as exportações de carne continuam bem, com o Brasil aumentando as vendas e os preços externos também melhores – acrescentou.