Levantamento do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), da Esalq/USP, mostra que o produtor está gastando menos para cultivar a safrinha de milho. Mesmo assim, o custo supera os preços do cereal no mercado, o que explica o desestímulo de produtores que planejam reduzir a área plantada no Paraná.
O primeiro levantamento do Cepea sobre o cultivo do milho safrinha neste ano aponta redução nos preços de insumos em Mato Grosso e Paraná, os dois maiores produtores do País. “Mesmo com a queda, o produtor não consegue se beneficiar, porque o preço de mercado hoje está muito baixo”, avalia o pesquisador do Cepea Mauro Osaki.
Segundo Osaki, a queda foi puxada, sobretudo, pelo recuo dos preços de fertilizantes e defensivos agrícolas. Com a disparada de preços dos adubos em meados de 2008, o peso deste insumo chegou a representar 40% dos custos de produção. Agora, o levantamento do Cepea mostra que o adubo está pressionando menos o produtor. O cálculo leva em conta o custo operacional, que inclui gastos com insumos, operações mecânicas, transporte, mão de obra, armazenagem, impostos, capital de giro, segurança e assistência técnica, de produtores de milho de alta tecnologia.
Na cidade paranaense de Cascavel, a pesquisa apontou retração de 18% no custo do cultivo das sementes convencionais e de 16% dos transgênicos. Com base nesses dados, o pesquisador apontou que o custo de produção final por saca, considerando lavouras com produtividade média de 70 sacas, deve ficar em R$ 16,29/saca e R$ 17,94/saca, abaixo do valor médio oferecido na região de R$ 16/saca.
Ao contrário do Paraná, a área de safrinha deve crescer em Mato Grosso, por causa da necessidade de fazer rotação de culturas e de reduzir o custo fixo nas propriedades. Lá, a correlação entre custo de produção e preço de mercado é mais desfavorável. Em Sorriso a queda no custo de produção ficou em torno de 14% tanto para convencionais como para geneticamente modificados. O produtor de alta tecnologia terá um custo final por saca de R$ 12,54 para o convencional e de R$ 13,49 para o transgênico. Já os compradores oferecem na região entre R$ 7 e R$ 8 pela saca, um dos piores preços registrados no País.
O comparativo entre o plantio convencional e o de transgênicos mostra que o produtor gasta mais para cultivar sementes geneticamente modificadas. O Cepea indica que a diferença pode chegar a 7% em Sorriso, enquanto em Cascavel é de pouco mais de 1%. Ainda assim, analistas ressaltam que a área de transgênicos está aumentando neste ano.