O Índice Quadrissemanal de Preços Recebidos pela Agropecuária Paulista (IqPR)1,2 registrou alta de 2,17% na primeira quadrissemana de Abril de 2010. O IqPR-V (produtos de origem vegetal) fechou com variação positiva de 2,35%, enquanto que o IqPR-A (produtos de origem animal) encerrou em 1,72%. Quando a cana-de-açúcar é excluída do cálculo do índice, devido a sua importância na ponderação dos produtos, o IqPR cai para 2,13%, enquanto o IqPR-V (cálculo somente dos produtos vegetais) sobe para 2,53%.
Os produtos do IqPR que registraram as maiores altas nesta quadrissemana foram: feijão (60,71%), banana nanica (55,81%), tomate para mesa (19,04%), algodão (6,96%) e carne suína (4,91%).
Os preços baixos obtidos pelos produtores paulistas de feijão, durante o ano de 2009 e o primeiro bimestre de 2010, bem como a conjuntura de preços não remuneradores dos custos dos primeiros meses do ano desestimularam o plantio da safra da seca, o que vem provocando o acelerado aumento em suas cotações nos meses de março e abril.
Os preços da banana nanica encontram-se dentro da variação estacional padrão (que indica pico de preços no mês de abril). O aumento acentuado reflete a diferença entre os baixos preços alcançados durante o verão e o estímulo nos preços provocados pela expansão do consumo, peculiar no período de outono (acrescido por se estar na entressafra da banana prata). Além disso, com a inundação de bananais nas chuvas de verão, os produtores anteciparam a colheita dos cachos mais desenvolvidos, com o que reduziram o potencial de oferta dos meses seguintes.
O tomate para mesa, depois do acelerado movimento de alta nos preços ocorrido na primeira metade de março (provocado pelo clima excessivamente chuvoso) apresenta redução do ritmo de evolução de suas cotações, que retomaram níveis dentro dos padrões esperados a partir do fim de março nas principais regiões produtoras paulistas.
No caso do algodão, os preços internacionais dispararam dada a redução dos estoques, com o que os preços internos subiram mais que a valorização cambial. A oferta menor que o consumo da agroindústria têxtil brasileira deverá manter viés de alta para os preços da pluma nos próximos meses.
A carne suína, que apresentava resultados desanimadores devido à crise econômica mundial iniciada em meados de 2008, após a ocorrência da redução dos plantéis de muitos produtores desestimulados com os preços durante o ano de 2009, a partir da retomada de contratos internacionais assinados no último mês vê seus preços em ascensão.
Os produtos que apresentaram as maiores quedas de preços na primeira quadrissemana de abril foram: laranja para indústria (10,21 %), laranja para mesa (8,81%), arroz (8,66%), carne de frango (6,13%) e soja (5,58%) (Tabela 2).
Na laranja de mesa, a pressão para baixa dos preços se manifesta em função do final do verão, quando se reduz o consumo de sucos caseiros. No caso da indústria, a entrada da safra, os preços internacionais e a valorização cambial indicam preços em queda.
O início da safra de arroz no Rio Grande do Sul e em outros estados sulistas e do Centro-Oeste derrubaram as cotações do produto, o que tem freado as negociações entre produtores e o atacado. Embora a expectativa seja de quebra de safra, devido às chuvas no Rio Grande do Sul, as cotações do arroz continuam caindo, em função da retração nas compras dos varejistas que praticaram preços elevados nos meses anteriores.
Na carne de frango, a ampla oferta e a queda da remuneração das exportações pela valorização cambial, aliada à oferta de carne bovina barata, impulsionaram os preços para baixo. Por outro lado, os menores preços da carne de frango refletem a redução dos custos de produção derivada da queda de preços de milho e soja.
Para a soja, depois de anunciada safra recorde com crescimento de 30% associada ao início da colheita, as cotações do produto recuaram, além das mudanças na economia chinesa que prognosticam menores aquisições desse produto por esse país asiático. Essa tendência dos preços internacionais e os custos do frete podem ampliar as dificuldades econômicas dos produtores das áreas mais distantes da fronteira agropecuária, gerando remuneração líquida abaixo dos custos de produção.
No período analisado, 11 produtos apresentaram alta de preços (6 origem vegetal e 5 de origem animal) e 8 apresentaram queda (7 vegetal e 1 animal).