A Embrapa teve um papel fundamental como indutora da política nacional de agroenergia adotada pelo Brasil nos oito anos do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A empresa coordena ações institucionais e programas de pesquisa, desenvolvimento e inovação. Foram esses eixos que permitiram à Embrapa Agroenergia o aperfeiçoamento de processos e matérias-primas atuais e potenciais no Brasil, nas plataformas de etanol, biodiesel, florestas energéticas e resíduos, para a obtenção de biocombustíveis e de co-produtos.
Para atender essa necessidade e com base nas diretrizes do Plano Nacional de Agroenergia foi criada, em 24 de maio de 2006, a Embrapa Agroenergia – Centro Nacional de Pesquisa de Agroenergia (Cnpae), unidade descentralizada, que atua com visão estratégica do agronegócio e com enfoque na inovação tecnológica das cadeias produtivas do setor.
A instituição trabalha coordenando e integrando redes de pesquisa, nacionais e internacionais, envolvendo gestores e pesquisadores das outras 37 unidades descentralizadas da Embrapa e instituições parceiras (atuais e potenciais), públicas e privadas.
“A implantação da Embrapa Agroenergia é uma oportunidade para o Brasil, que se prepara para aumentar, cada vez mais, a produção de biomassa”, destaca Frederico Durães, chefe-geral da unidade. O objetivo desse braço da Embrapa é implementar uma nova forma de gestão, que promova ajustes de arranjos tecnológicos (produção de conhecimento novo) e arranjos produtivos (estratégias para uso da inovação).
Durães explica que esse centro de pesquisa busca desenvolver competências em biologia energética, conversão de matérias-primas energéticas, aproveitamento de resíduos para produção de co-produtos e novos materiais, e gestão do conhecimento em agroenergia. “A preocupação com a infraestrutura adequada, com laboratórios e plantas-piloto para a pesquisa, desenvolvimento e inovação, também confere à Embrapa excelência para coordenar e executar tais pesquisas”, afirma.
Florestas energéticas – No ano passado, a utilização da madeira para lenha e carvão foi de quase 30 milhões de toneladas, representando 12% da oferta de energia proveniente da biomassa florestal. O consumo anual de carvão vegetal nas indústrias de aço e de outras ligas metálicas, de baixo custo de produção e processamento, é estimado em seis milhões de toneladas por ano. A preferência pelo carvão deve-se à facilidade de transporte e combustão.
O chefe-geral da Embrapa Florestas, Helton Damin da Silva, acredita que a produção agrícola e a preservação ambiental são conciliáveis, considerando o plantio de árvores. Por isso, o centro de pesquisa desenvolve tecnologias e variedades para utilização principalmente em áreas degradadas ou sem tradição florestal. “O país possui perto de 65 milhões de áreas subutilizadas e a implantação da agricultura de base florestal é uma alternativa viável”, pondera. Ele avalia que o desafio passa pela transformação da celulose em energia limpa, pois os custos de produção de biomassa ainda são muito elevados.
Os pesquisadores da Embrapa também trabalham na introdução e melhoramento de novas espécies. Os florestadores já contam, por exemplo, com 11 novas variedades de eucalipto para fins comerciais, sendo cinco de híbridos.
Já os produtores, atentos ao uso sustentável da terra, buscam integrar agricultura, pecuária e cultivos florestais, consorciação que recicla os nutrientes do solo. A técnica reduz a ação dos ventos, aumenta a absorção da água da chuva e diminui o processo de erosão e o ressecamento da terra. E ainda proporciona sombra para os animais. Esses consórcios são conhecidos como sistemas agrossilvipastoris ou Integração Lavoura-Pecuária- Floresta.
De acordo com o chefe da Divisão de Agricultura Conservacionista do Ministério da Agricultura, Maurício Carvalho, com a adoção desses sistemas, os agricultores conciliam a preservação ambiental com a ocupação produtiva e econômica, diversificação que reduz riscos de mercado e clima. Assim, o produtor tem renda a curto prazo na lavoura, a médio prazo na pecuária e a longo prazo na floresta.