A China finalmente aceitou marcar para os dias 15 e 16 de novembro, em Pequim, reunião com o Brasil no âmbito de uma subcomissão econômica e comercial, que terá inevitavelmente como pano de fundo a questão cambial.
A subcomissão, criada em 2004, até hoje só teve uma reunião. Há dois anos que o Brasil tentava reativar o diálogo econômico, sem sucesso, porque Pequim alegava todo tipo de dificuldades de agenda.
O governo brasileiro quer insistir na necessidade de diversificação do comércio. As compras chinesas são compostas hoje de 33% de soja, 30% de minério de ferro e 10% de petróleo, comparados a 95% de manufaturados chineses exportados para o Brasil.
Até agora, a resposta chinesa tem sido de que a estrutura do comércio depende das características econômicas dos dois lados. E sempre sugere ao Brasil promover mais seus produtos no mercado chinês.
Dificuldades nas exportações de carnes continuam na agenda, mas a subcomissão não inclui representantes chineses que realmente tratam da questão. De forma que não é por ai que haverá avanços nessa área.
Por sua vez, Pequim continua cobrando que o Brasil cumpra o compromisso assumido em 2004, de dar o status de economia de mercado à China.
Falta apenas uma assinatura do secretário de Comércio Exterior, do Ministério da Indústria e Comércio (MDIC), para o compromisso ser implementado. Mas isso está longe de acontecer, ainda mais levando-se em conta a política cambial chinesa administrada que dá uma vantagem enorme a suas exportações, numa forma de subsídio que sequer é disfarçado.
Em todo caso, a China terá automaticamente, partir de 2016, o status de economia de mercado reconhecido pelos parceiros, pelos termos de sua adesão na Organização Mundial do Comércio (OMC). O Brasil não poderá mais aplicar medidas antidumping baseadas no preço de terceiro país.
O problema é que hoje sequer sobretaxas antidumping freiam os produtos chineses, diante de sua competitividade impulsionada pela moeda desvalorizada.
Os chineses continuam a tomar mercado do Brasil nos mercados tradicionais da América Latina, segundo negociadores. “A China não é um caso de mais antidumping, é um caso de policia”, desabafou um negociador latino-americano recentemente em encontro fechada em Genebra.