Objetivo é abrir mercado para carne suína de Santa Catarina, considerada pela Organização Mundial de Saúde Animal como livre de febre aftosa sem vacinação
Abrir os mercados do Japão e da Coreia para a carne suína in natura de Santa Catarina será o foco do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) para 2011.
“O Japão é o maior importador mundial desse produto e compra cerca de US$ 4 bilhões por ano. Para alcançar esse objetivo, o primeiro passo será a vinda de missão japonesa ao Brasil no primeiro trimestre de 2011”, enfatiza o secretário de Relações Internacionais do Agronegócio, Célio Porto.
Outro mercado considerado importante para a exportação de cortes especiais de carne suína é a União Europeia, por ser considerado um bloco que contribui para dar maior visibilidade ao produto brasileiro. Neste ano, uma das grandes conquistas para o setor exportador brasileiro foi o reconhecimento pelos Estados Unidos do estado de Santa Catarina como livre de febre aftosa sem vacinação. Essa medida estava sendo pleiteada desde 2007, quando a Organização Mundial de Saúde Animal (OIE) atribuiu essa classificação ao estado.
Promoção Internacional
Para difundir o agronegócio brasileiro no exterior, o Ministério da Agricultura promoveu, neste ano, 13 missões comerciais para diversos países, incluindo Argélia, África do Sul, Arábia Saudita, Cingapura, China, Egito, Emirados Árabes Unidos, Espanha, Estados Unidos, França e Japão. No Brasil, os Seminários do Agronegócio para Exportação (Agroex), que chegaram à 38ª edição, contemplaram oito estados e atingiram um público de 2,7 mil pessoas. Além disso, foram promovidos dois Programas de Imersão no Agronegócio, com a participação de cem pessoas, com o objetivo de aprofundar o conhecimento de diplomatas e funcionários das embaixadas brasileiras no exterior no agronegócio.
Neste ano, a Secretaria de Relações Internacionais realizou a primeira Missão de Investimentos ao exterior, abrangendo cinco países: Síria (Damasco), Kuwait, Catar (Doha), Arábia Saudita (Riade) e Emirados Árabes Unidos (Abu Dhabi).
“Mostramos que é possível investir no Brasil, seja com interesse de garantir abastecimento, diversificar investimentos ou para obter rentabilidade com segurança, sem precisar comprar terras”, declara o diretor do Departamento de Promoção Internacional do Mapa, Eduardo Sampaio.
Em 2011, está prevista a realização do 1° Fórum Setorial para Investimento no Agronegócio.
“O objetivo é preparar as empresas brasileiras para o recebimento de investimentos. Vamos abordar assuntos como governança, transparência e como se apresentar para os investidores”, explica Sampaio. Essa iniciativa é uma parceria do Ministério da Agricultura com a Financiadora de Estudos e Projetos (Finep).
Balança Comercial
Nos primeiros onze meses deste ano, as vendas do agronegócio brasileiro renderam US$ 70,3 bilhões. O secretário Célio Porto acredita que, até o fim deste ano, as exportações possam alcançar US$ 76 bilhões e, em 2011, US$ 80 bilhões.
“O resultado de 2010 recupera a trajetória de crescimento das exportações e o de 2011 vai depender da continuidade de demanda crescente por alimentos, preços altos e boa colheita”, esclarece Porto.
Em termos de valores, o destaque das exportações de janeiro a novembro de 2010 foi o milho, que passou de US$ 1 milhão para US$ 1,7 milhão, em relação ao mesmo período do ano passado. Em segundo lugar no crescimento percentual, mas em primeiro no aumento do valor exportado, ficaram as vendas de açúcar, com aumento de 57,6%, em 2010.
Um produto que voltou a ter exportações significativas em 2010 foi o milho. O secretário esclarece que, nos últimos anos, a China era exportadora de milho, mas, em 2010, se tornou importadora. A tendência é que essa situação se acentue, já que, para produzir mais carne, os chineses terão que comprar mais milho para alimentação animal. Também há expectativa de recuperação na produção de carne bovina, o que favorecerá tanto o atendimento do mercado interno, quanto do externo.
Também houve crescimento expressivo das exportações de carnes.
“Somos o maior exportador mundial de carne de frango e a expectativa é que, em 2011, nos tornemos o segundo maior produtor”, informa Porto. Hoje, o primeiro lugar está com os Estados Unidos, seguido da China.
Destaques 2010
Entre os fatos de destaque para o agronegócio exportador em 2010, o secretário cita a posse dos oito adidos agrícolas em postos estratégicos no exterior: Bruxelas (Bélgica), Buenos Aires (Argentina), Genebra (Suíça), Moscou (Rússia), Pequim (China), Pretória (África do Sul), Tóquio (Japão) e Washington (Estados Unidos). A presença desses profissionais ajuda a diplomacia brasileira a melhorar o diálogo com as áreas técnicas locais, principalmente no que se relaciona ao acesso a mercados.
O secretário citou também a conclusão do painel do algodão contra os Estados Unidos, em que os americanos aceitaram pagar ao Brasil uma indenização recorde no âmbito da Organização Mundial do Comércio (OMC), de US$ 147 milhões por ano, por ainda não terem mudado as políticas condenadas pela OMC.
“Isso derivou na criação do Instituto Brasileiro do Algodão (IBA), que vai gerir os recursos da indenização americana”, completa Porto.
Em 2010, o ministério recebeu visitas de diversos ministros de agricultura de outros países, incluindo Arábia Saudita, Argentina, China, Índia e 26 delegações africanas que vieram ao país para participar do Diálogo Brasil- África sobre Segurança Alimentar, Combate à Fome e Desenvolvimento Rural. Na ocasião, o Mapa reafirmou a disposição de realizar cooperação técnica e científica para desenvolver a agricultura tropical naquele continente.
Porto assinala, por fim, a importância de algumas iniciativas na área internacional do ministro Wagner Rossi, como os entendimentos com o ministro da Agricultura da Argentina e as visitas às autoridades da União Europeia (principal mercado comprador do agronegócio brasileiro) e da Rússia (principal mercado para o açúcar e as carnes bovina e suína brasileiras).