Uma iniciativa que beneficia empresas da região com projetos em biotecnologia. É o que pretende o Biotecsur, um programa que distribuirá € 3 milhões para fortalecer a região do Mercosul (Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai) nas áreas bovina, aviária, de grãos e florestal. A verba não reembolsável para o desenvolvimento das biotecnologias faz parte de uma parceria entre o Mercosul e a União Europeia (UE). Os projetos selecionados são integrados por equipes de pesquisa e desenvolvimento dos quatro países membros do bloco sul-americano, com representantes da área acadêmica, pública e privada.
Enquanto a Europa conta com 34 plataformas tecnológicas, essa é a primeira no Mercosul, que pode ser considerada um projeto em formação. Criados em 2005, os projetos entraram em ação em 2008. Foram três anos de análises e estudos até a escolha dos vencedores. Através de seminários nacionais e regionais foram escolhidos três representantes de cada país. De acordo com María Fernanda Domínguez, assessora de imprensa do programa, a ideia da plataforma é seguir para outras áreas. “No momento os projetos abrangem o setor bovino, aviário, de grãos e florestal. O objetivo é estender os programas para as áreas de saúde e biocombustíveis, por exemplo”, explicou María.
Um dos programas que deu origem à plataforma é administrado pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação Produtiva da Argentina, por meio da Diretoria Nacional de Relações Internacionais. Os ministérios de Tecnologia dos outros países também participam. No Brasil, a coordenação é feita pela Secretaria de Políticas e Programas de Pesquisa e Desenvolvimento (Seped), do Ministério da Ciência e Tecnologia.
A prioridade de inclusão na ação é dada a pequenas empresas. O prazo de dois anos para os participantes desenvolverem suas pesquisas se encerra em 2011. O professor do Centro de pesquisa em Biologia Molecular e Funcional da Pucrs Diógenes Santiago Santos acredita que novos programas serão desenvolvidos e os já existentes continuam sendo assessorados. “O governo brasileiro já acenou positivamente à continuidade do Biotecsur. Já estamos desenvolvendo biofármacos recombinantes – proteínas produzidas pelo ser humano para balancear a droga -, e trabalhando também com hormônios de crescimento bovino”, destacou o professor. Esses são os próximos projetos que poderão ser incluídos no programa.
De forma inédita, essa é a primeira vez que uma iniciativa deste porte é realizada. O Biotecsur permitirá que os quatro países trabalhem em conjunto. Santos ressalta que o Brasil tem muitos recursos humanos competentes para a realização de bons projetos. Para a criação de novas plataformas biotecnológicas é indispensável o incentivo do governo à iniciativa privada. Entre os brasileiros selecionados estão: Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Universidade Federal de Pelotas, Pontifícia Universidade do Rio Grande do Sul e Embrapa – cadeia florestal e cadeia oleaginosa.