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Economia

Milho encarece alimentos

Insumo é usado para alimentar aves, suínos e bovinos do nordeste. Neste caso, em uma composição com soja e farelo de trigo.

Milho encarece alimentos

As perdas na produção de milho deste ano no Estado do Ceará não trouxeram prejuízos apenas para quem é diretamente ligado ao setor. O consumidor também tem se sentido afetado pela carência desse cereal ao comprar alimentos oriundos da bovinocultura e seus derivados (leite e queijo), carne de frango, ovos e suínos. Segundo a Associação Cearense de Avicultura (Aceav), isso tem ocorrido porque o milho é o principal insumo de muitos destes produtos. O preço da saca com 60 kg subiu 57% do início do ano até aqui.

Conforme o presidente da entidade, João Jorge Reis, é preciso mais agilidade política para resolver o problema, já que, paradoxalmente, o País deve aumentar em 30% o volume das exportações do insumo em relação a 2009. “Os preços do frango e do suíno já subiram 30% neste ano no Ceará. O milho está muito caro nos poucos locais onde houve produção no Nordeste. Estamos aguardando que a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) realize o próximo leilão para viabilizar a vinda do insumo do Centro-Oeste para o Estado. Estamos dependendo disso”, revela.

Ele ressalta que este tipo de “socorro” era feito com maior frequência, e que, nos últimos meses, foi abandonado pelo governo federal. “Semanalmente, temos que comprar milho através desse programa que funciona há 15 anos. Mas, ultimamente, isso tem deixado de ocorrer, o que implica em desabastecimento”, diz João.

Outra angústia do segmento avicultor cearense é a respeito da produção de ovos. Segundo a Aceav, os produtores locais estão em desvantagem em relação ao preço do ovo que vem de estados de outras regiões, que não estão passando por problemas parecidos quanto ao fornecimento de milho. “Isso é muito ruim porque estamos trazendo ovo de fora. Corremos o risco de perder renda e trabalho”, relata, lembrando que o segmento emprega cerca de 50 mil pessoas direta e indiretamente.

Conforme o presidente da Associação dos Criadores do Ceará e também da Associação de Suinocultura Cearense, Paulo Hélder de Alencar, além da realização do leilão pela Conab, representantes da Federação da Agricultura e Pecuária do Ceará (Faec) foram à Brasília, esta semana, para cobrar a promessa de 200 mil toneladas de milho para venda em balcão para os pequenos e médios produtores do Estado. “Temos que correr atrás para ver se o governo se sensibiliza”, comenta Paulo.

Segundo a assessoria de comunicação da Conab, o órgão executa os leilões, mas não é responsável pela programação, que depende da decisão de reuniões entre três ministérios (Planejamento, Fazenda e Agricultura). Mesmo assim, na próxima semana, haverá um novo leilão para distribuir 300 mil ton para as regiões Norte e Nordeste.