O setor de carne suína vive um momento de contraste: enquanto as vendas externas brasileiras continuam a cair em volume – em outubro, a retração foi de 21,12% (49.713 toneladas), em relação ao mesmo período de 2009 -, a forte demanda interna tem compensado, e isso também ocorre na área dos preços, que estão bastante aquecidos, fator que desestimula a exportação.
Pedro de Camargo Neto, presidente da Associação Brasileira da Indústria Produtora e Exportadora de Carne Suína (Abipecs), comenta o atual cenário: “A forte demanda interna, resultado da melhoria do poder aquisitivo da população, bem como a forte alta de preços da carne bovina, concorrente direta da carne suína, mantiveram os preços internos fortemente aquecidos, desestimulando as exportações. O real excessivamente valorizado e as despesas de exportação mais caras reduziram a competividade do produto brasileiro no concorrido mercado internacional”.
De janeiro a outubro, no mercado interno, os volumes comercializados representaram 119,8 mil toneladas a mais do que nos mesmo período do ano passado. A queda de 9,75% nas exportações foi compensada pelo crescimento de 7,9% nas vendas internas, de acordo com avaliação da Abipecs.
Em outubro, o Brasil exportou 49.713 toneladas (queda de 21,12% ante outubro de 2009) e obteve uma receita de US$ 124,48 milhões (queda de 4,62% em valor). As exportações de carne suína até outubro registraram uma variação negativa de 9,75% em volume (461.881 t) e um crescimento de receita de 11,32% (US$ 1,13 bilhão).
As vendas para a Rússia, principal mercado, tiveram uma variação negativa de 37,41% em volume, em outubro, e de 17,91% em valor. No acumulado dos dez meses, porém, a queda em volume nas exportações para a Rússia é menor: 9,62%. E de janeiro a outubro, a receita com vendas para o mercado russo teve um crescimento de 18,07%.
Para a Ucrânia, terceiro maior mercado para o Brasil, houve queda nos embarques em volume (55,59%) e em receita (37,61%), em outubro.
Segundo principal mercado, Hong Kong aumentou, em outubro, em 4,12% suas compras de carne suína (9.708 toneladas). A receita também cresceu 10,16%, no mês passado.
Os principais destinos da carne suína, de janeiro a outubro, foram Rússia (206.600 toneladas), Hong Kong (81.189 t), Ucrânia (36.902 t), Argentina (28.973 t) e Angola (26.740 t).