A suinocultura brasileira e consequentemente a paranaense vive um novo momento histórico: nunca neste País se falou tanto em carne suína, nunca se teve tanta notícia em jornais, televisão, programas de variedades, gastronomia, economia, enfim todos os canais de comunicação falam hoje na Carne Suína, o quanto ela é saudável, nutritiva, necessária, saborosa, entre outros.
Isto se dá basicamente por dois fatores, primeiro pelo esforço que a ABCS, junto com suas afiliadas nos estados, esta fazendo através de ações de marketing da carne suína, desmistificando seus mitos, trabalhando o varejo, acessando o consumidor via porções mais adequadas para o consumo e melhorando a apresentação da carne disponível nos pontos de venda. Estas ações mostram ao varejista as vantagens do aumento de vendas da carne suína no seu estabelecimento, a sua melhor lucratividade, maior margem, seus clientes mais satisfeitos e fidelizados. Isto por si só já ocasionou um aumento significativo no consumo, tanto é que apesar das exportações de carne suína estarem abaixo dos patamares do ano passado, esta faltando carne no mercado.
O Paraná hoje, que serve de exemplo desta tendência, exporta a metade em volume do que exportava em 2005, quando houve o advento da Febre Aftosa, em torno de 55.000 ton/ano em 2010. Hoje, porém, estamos produzindo a mesma quantidade que produzíamos em 2005 ou até um pouco mais e não têm suínos sobrando no mercado, isto confirma categoricamente que o mercado interno cresceu e absorveu este aumento de produção.
O segundo fator é que finalmente o produtor entendeu o que seus dirigentes recomendaram durante muito tempo, não saiam aumentando suas produções desordenadamente, ao sabor dos boatos e de outros interesses que permeiam esta atividade. Mercado bom é aquele que está ajustado, não sobra e nem falta produção, então ele se estabiliza, os preços sobem, remuneram melhor o produtor, e ele consegue ter margem, recupera os prejuízos, melhorar sua qualidade de vida, sai do sufoco, e finalmente o que muitos ainda não entenderam, com isto estabiliza também os preços dos insumos por não ter estas variações muito bruscas de consumo, principalmente de milho e farelo de soja.
Com isto o produtor pode se programar tanto para a venda do suíno como para a compra de insumos, negociando preços, tendo mais poder de compra e também revertendo esta diferença de preços para sua melhora no custo de produção e via de consequência aumentando sua lucratividade. O produtor integrado acaba também se beneficiando, tanto é que já se têm várias notícias de cooperativas e indústrias de integração melhorando a remuneração de seus integrados, isto é reflexo direto deste mercado aquecido.
Agora o que o produtor brasileiro de uma forma geral tem que fazer é dar o segundo passo e o mais importante na minha visão, reforçar sua participação junto a sua Associação, capitalizar estes ganhos como ferramenta de negociação, unir-se junto aos outros produtores, mostrar representatividade, força e mais do que isto, começar a refletir de que forma ele deve se engajar neste processo, reforçando sua base representativa, seja economicamente, seja via trabalho associativo.
Uma Associação seja em qual segmento for, só irá chegar em algum lugar se seus dirigentes forem sérios, seus associados participativos, atuantes, colaboradores e, ter força política e econômica.
Por Carlos Francisco Geesdorf, presidente da Associação Paranaense de Suinocultores (APS)