Favorecidos pelo aumento da demanda mundial de soja e pela quebra da produção européia de trigo, os contratos futuros de soja mantém sua trajetória de ascensão para entrega em 2011 e já acumulam alta de 18% nos últimos três meses.
Depois de atravessarem o pior momento do ano em março, quando as cotações no mercado interno despencaram para R$ 22/saca nas regiões norte e médio norte, os preços reagiram na Bolsa de Chicago (EUA), estimulando as vendas futuras. Hoje, 25% da safra 10/11 já estão negociados, contra 18% na safra anterior.
A grande explicação para este cenário favorável é a valorização dos preços no mercado internacional. Segundo a AgRural, os contratos de março fecharam em US 10,52/bushell. Em meados de junho, o contrato para maio atingiu US$ 9,10/bushell, mas no último dia 8 chegou a US$ 10,71 e, atualmente, está em US$ 10,55/bushell. São os melhores preços pagos até agora aos produtores mato-grossenses pela soja futura. Bushell é um padrão de medida norte-americano que equivale a 27,22 quilos.
“Tivemos uma valorização de quase 18% em um período de três meses. Isso mostra que o mercado da soja continua firme e o produtor deve avaliar se para ele é um bom momento para comercializar a produção da próxima safra”, afirma Eduardo Godoy, analista da AgRural.
De acordo com o Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea), o contrato novembro iniciou a semana passada cotado a US$ 10,52 e encerrou em US$ 10,31. “Do início de julho para cá, quando o movimento de alta começou, o contrato valorizou 14%, ou US$ 1,26/bushell”, avalia o boletim do Imea.
Segundo Godoy, a valorização se deu por vários fatores: demanda forte para o grão, capitaneada pelo aumento do consumo chinês, e problemas com a produção de trigo na Europa, destaque para Rússia e Ucrânia. “O trigo é muito usado como ração animal na Europa e, quando não há o produto em quantidade suficiente, é substituído pelo milho e farelo de soja, acelerando a demanda por estas commodities e impulsionando os preços. Além disso, os meses de julho e agosto são meses de definição de safra norte-americana de soja, onde temos mercado climático que torna o momento extremamente volátil”.
Eduardo Godoy lembra que nos últimos dois meses a demanda está forte e o cenário é “muito interessante” para a soja. A AgRural prevê crescimento de 6,49% na produção, saindo das atuais 18,78 milhões de toneladas para 20 milhões de toneladas na safra 10/11.
Momento – O analista diz que em qualquer situação os preços da soja hoje estão favoráveis ao produtor. “Saindo da Bolsa de Chicago e vindo para Mato Grosso, com cotação em saca, temos hoje preços muito interessantes, os melhores dos últimos anos. É hora do produtor tomar uma decisão se achar que é um bom momento”.
Levantamento do Imea aponta que, na região oeste, Campo Novo teve o melhor preço indicado na semana, R$ 36,30/saca. Em Sapezal, os preços variaram entre R$ 34,50/saca a R$ 35/saca.
No médio norte, Nova Mutum registrou preço médio de R$ 36,30. Já em Sorriso a melhor indicação de preço foi de R$ 35,80/saca. Já em Lucas do Rio Verde, os preços variaram entre R$ 36/saca e R$ 36,30/saca e, em Diamantino, os melhores preços chegaram a R$ 36,60.
Na região sul – praça mais valorizada do Estado pela proximidade aos portos – o melhor preço indicado para Rondonópolis foi de R$ 39,30/saca. Campo Verde, na região sudeste, registrou cotação de R$ 38,40/saca. E, na região nordeste, os compradores pagaram R$ 34,50 no município de Canarana.