No Estado de São Paulo, a suinocultura está nas mãos de criadores que fazem o ciclo completo. A gente encontra nas granjas desde leitões mamando a porcos prontos para o abate. São os chamados criadores independentes. Outra característica é a concentração do rebanho: de um total de 100 mil matrizes, 40 por cento estão nas mãos de 20 criadores. De uns anos pra cá, a categoria encolheu bastante.
“Há mais de 15 anos, nós tínhamos 500 e poucos suinocultores. Hoje, nós temos apenas 77 produtores dentro da Associação, e mantendo o mesmo plantel, ou seja, a economia de escala é um fato”, diz Valdomiro Ferreira, presidente da Associação Paulista de Criadores de Suínos (APCS). Para entender melhor porque o numero de criadores diminuiu tanto, nós viemos ao município de Itu, que fica a 90 km da capital paulista. Viemos falar com Esmael Daldon, um empresário que deixou a atividade há nove anos.
As instalações de primeira qualidade, onde os cavalinhos ficam, servem também para produzir cogumelo. Esmael calcula que, para fazer uma estrutura parecida, hoje gastaria mais de R$ 3 milhões. O mercado do suíno e o custo de produção inviabilizaram o negócio. “Hoje em dia, uma arroba (sai) por R$ 19, e o custo da ração é R$ 18. A margem de lucro era R$ 1 por arroba. Um porco, por exemplo, pesava cinco arrobas e valia R$ 5”, afirma.
Dos 15 anos em que ficou na atividade, 12 deram lucro e os três últimos, muita dor de cabeça. Esmael diz que só os grandes permanecem no mercado porque têm mais condições de vencer as crises. “Ele tem mais capital, certo, tem outros recursos onde ele investe. A gente compra 100 sacos de milho e ele compra 100 mil sacos de milho para uma safra inteira”, explica.
Quem continua no negócio, como Antonio Yanni, concorda que é preciso ter fôlego para atravessar as fases de dificuldade. Ele lembra, por exemplo, que o ano passado foi complicado, mas agora os tempos são outros. Dono de um rebanho com 24 mil cabeças, abate 900 suínos por semana e comemora a reação do mercado. Tradicionalmente, a situação melhora no segundo semestre.
No começo de agosto, a arroba era vendida por R$ 48 e entrou em setembro valendo R$ 56, um preço que garante margem de lucro principalmente por conta do custo de produção.
“No primeiro semestre desse ano, nós tivemos preços pequenos, ou menores, de milho e soja. Isso nos favoreceu a relação de troca”, afirma Yanni.
Com a recuperação do preço, Antônio já faz planos de novos investimentos na granja.
“Nós vamos melhorar aqui nesse setor alguma coisa pouca em termos de aquecimento dos animais e, na fábrica de ração, a gente pretende melhorar a fabricação, que está muito obsoleta, uma fábrica que tem 30 anos de idade. Graças a Deus, nós estamos respirando com mais oxigênio”, diz.