O projeto de açúcar e álcool do grupo Bertin vai receber investimentos de R$ 800 milhões nos próximos quatro anos para ampliar as capacidades industrial, agrícola e de cogeração de energia com bagaço de cana. O aporte será feito nas usinas da Infinity Bioenergy, empresa controlada pelo grupo Bertin desde o início deste ano. A meta de curto prazo é elevar a capacidade de moagem de cana dos atuais 6 milhões de toneladas para 9,3 milhões de toneladas na próxima safra, a 2011/12, que começa em abril do ano que vem.
Do montante previsto, R$ 300 milhões serão usados para implantar capacidade de cogeração de energia, a partir de bagaço, de 130 megawatts, em três usinas da empresa: a Usinavi, localizada em Naviraí (MS), a Ibirálcool, em Ibirapuã (BA), um projeto greenfield (usina nova) em construção, e a Disa, em Conceição da Barra (ES), que absorverá o bagaço gerado nas outras duas usinas do polo capixaba, a Alcana e a Cridasa.
“Estaremos cogerando em dois anos”, afirma José Malta, presidente da Bertin Energia. Outros R$ 389 milhões começaram a ser aplicados na construção da usina baiana, a Ibirálcool, que na safra 2011/12 moerá 1 milhão de toneladas de cana, volume que deve triplicar até 2015, segundo Malta.
Os R$ 120 milhões restantes são recursos que estão sendo destinados, ao longo deste e do próximo ano, ao aumento da capacidade das usinas já existentes, com compra de mais moendas, ampliação e melhorias de canaviais.
Os projetos e investimentos não incluem a usina São Fernando, em Mato Grosso do Sul, na qual o grupo Bertin tem participação de 50%, fruto de um negócio feito há três anos com o grupo Bumlai, que tem a outra metade da usina cuja capacidade de moagem é de 3 milhões de toneladas de cana. Envolvem, portanto, apenas as seis usinas de açúcar e álcool adquiridas da Infinity Bioenergia, da qual a Bertin é majoritária com 70% de participação. Outros 27% são de ações de ex-credores que converteram dívidas em participação e os 3% restantes dos antigos investidores.
Após a aquisição da Infinity, o Bertin iniciou uma reestruturação que levou à contratação do executivo Manoel Fernando Garcia para assumir a presidência da empresa de açúcar e álcool. Com mais de 35 anos de experiência no setor – Garcia é proprietário da trading de açúcar Fluxo -, o executivo fez um mapeamento dos ativos e traçou o planejamento estratégico para potencializar a capacidade dos ativos.
As três usinas do Espírito Santo, por exemplo, que vão moer cerca de 3,1 milhões de toneladas de cana nesta safra em curso, receberão investimentos em adaptações industriais e agrícolas para processar no próximo ciclo 4,3 milhões de toneladas.
Uma área de 10 mil hectares está sendo arrendada para plantio de cana neste ano, o que vai elevar a área agrícola no Espírito Santo para 30 mil hectares. “Vamos ampliar irrigação nessa área, que ainda está com produtividade muito baixa, de 68 toneladas de cana por hectare”, diz Garcia.
Em compensação, explica ele, as unidades de Minas Gerais (Usina Paraíso), a de Mato Grosso do Sul (Usinavi) e da Bahia (Ibirálcool) estão com produtividades elevadas. “Em Minas, tivemos 100 toneladas de cana por hectare com 152 quilos de ATR (açúcar da cana)”, conta o executivo.
Os investimentos industriais em ativos já existentes serão mais concentrados na unidade mineira, que na próxima safra já vai operar com capacidade ampliada de 1 milhão de toneladas de cana para 1,3 milhão, e na de Naviraí, de 2,8 milhões para 3,2 milhões de toneladas.
Até 2016, a Infinity pretende atingir capacidade de moagem de 25 milhões de toneladas de cana. “Novas aquisições estão no radar da companhia”, afirma ele.