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Agroindústrias

Glencore compra 50% da Predileto

Negócio foi fechado por R$ 180 milhões. Há dois anos, a Predileto vendeu a Pena Branca para a Marfrig.

Dois anos após vender a Pena Branca para a Marfrig, o grupo Predileto Alimentos, que já esteve entre os maiores produtores de frango do País, mas agora atua apenas na moagem de trigo, acaba de vender 50% de seu negócio para a trading de commodities agrícolas suíça Glencore. O valor exato do aporte só será definido após o fim da due diligence, a ser concluída em 120 dias. Mas, segundo o diretor da Predileto, Antenor de Barros Leal, a Glencore levará metade das ações por cerca de R$ 180 milhões.

A negociação começou no início deste ano, segundo Leal, e se fez necessária porque, embora a empresa tenha se capitalizado com a venda de seus negócios em frango – só com a Pena Branca foram US$ 53 milhões -, o recurso não foi suficiente para fazer frente aos planos de expansão em processamento do cereal. “Estávamos buscando um sócio estratégico para recuperar nossa capacidade de alavancagem e cumprir nosso plano de ser consolidadora em trigo. Esse aporte nos trará equilíbrio financeiro para continuar os investimentos”.

Fontes do mercado afirmaram ao Valor que a Predileto estava altamente endividada e com necessidade de capital de giro. A empresa teria créditos a receber do governo, referente às operações de PEP (Prêmio de Escoamento da Produção) de trigo e recursos represados com a quebra do Banco Santos. Teria ainda passivos trabalhistas, segundo essas fontes.

Leal confirmou que a empresa tem crédito a receber de PEP e, principalmente, de ICMS, mas que nunca contou com esses recursos para capital de giro. “Se fôssemos contar com isso, certamente teríamos cometido um erro estratégico”, afirmou. Sobre o Banco Santos, Leal disse que a empresa, assim como os outros clientes da instituição, fez um acordo. “E saímos razoavelmente bem”, completou.

Nos últimos cinco anos, a Predileto, que tem como sua principal empresa o Moinho Cruzeiro do Sul, investiu cerca de R$ 80 milhões em um plano para atingir até 2011 a capacidade de processamento de 1 milhão de toneladas de trigo por ano, ante as 700 mil toneladas atuais. A capacidade de moagem da unidade de Belém (PA), de 350 toneladas diárias, está sendo ampliada para 600 toneladas, e ainda há expansões em andamento nas plantas de Recife, Rio Grande do Sul e Rio de Janeiro.

A Predileto encerrou 2009 com lucro líquido de R$ 26,8 milhões, revertendo prejuízo de R$ 24,9 milhões do ano anterior. A dívida líquida da companhia, na casa dos R$ 168 milhões, equivaleu, em 2009, a seis vezes sua geração de caixa (lajida – lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) que foi de R$ 28 milhões. “Sobre o balanço de 2009 ainda pesam algumas obrigações financeiras. Somente o de 2010 estará exclusivamente com trigo. Por isso, esperamos que neste ano o resultado líquido cresça entre 5% e 8%”, disse Leal em entrevista ao Valor em maio deste ano.

A parceria entre a Glencore e o Predileto já é antiga. Controlador do Moinho Cruzeiro do Sul, com cinco unidades próprias em Belém (PA), São Luís (MA), Recife (PE), Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul, a empresa tem duas unidades arrendadas – uma em São Paulo e outra em Mato Grosso, que pertencem à Glencore.