As incertezas em relação aos efeitos do clima nas lavouras de grãos pelo mundo estão levando volatilidade aos mercados de commodities agrícolas. Apenas na primeira quinzena de julho, os preços do trigo já acumularam ganhos superiores a 30%, enquanto os do milho e da soja registraram valorizações de 11,7% e 7,6%, respectivamente, na bolsa americana.
No pregão de ontem, em Chicago, os contratos de trigo com vencimento em dezembro terminaram o dia a US$ 6,245 por bushel, com ganho de 36,25 centavos de dólar (6,2%). O aumento dos preços do cereal se deve ao temor de que as safras da Europa possam ser castigadas pela seca que atinge os principais países produtores. Na Rússia, a seca é a pior nos últimos dez anos e na Ucrânia, a expectativa de quebra na produção de trigo é de 40%.
O clima também preocupa os produtores de soja nos Estados Unidos. A possibilidade de haver uma baixa disponibilidade de água no momento de enchimento dos grãos tende a reduzir a produtividade da oleaginosa.
Ontem, a expectativa de que um sistema de alta pressão atinja alguns dos principais Estados produtores – Illinois, Indiana e Ohio – na próxima semana foi suficiente para fazer os preços terem mais um dia de alta. Os contratos com vencimento em setembro terminaram o dia cotados a US$ 10,01 por bushel, valorização de 25,75 centavos (2,6%).
“O mercado estava contando com uma boa produtividade nos Estados Unidos, mas o cenário mais ameaçador fez com que fosse adicionado um prêmio climático sobre o preço de referência da bolsa”, disse Vinícius Ito, analista da Newedge.
O analista acrescentou que a valorização de ontem também teve uma influência técnica. Segundo Ito, os preços da soja estavam dentro de uma tendência de alta constante nos últimos dias. Com o resultado de quinta-feira, muitos investidores que mantinham posições vendidas decidiram sair do mercado recomprando suas posições e dando ainda mais suporte para os preços.
A valorização do trigo acabou influenciando o mercado do milho. Assim como o cereal, o milho é utilizado na composição da ração animal, o que gera uma relação direta entre os dois. O resultado foi que as cotações do milho superaram a barreira psicológica dos US$ 4,00 por bushel ontem em Chicago. Os contratos com vencimento em dezembro terminaram o dia cotados a US$ 4,0525 por bushel, alta de 9 centavos (2,3%).