Em abril do ano passado, apenas 2,3 % da área tinha sido colhida. O adiantamento da retirada do grão da terra pode trazer problemas como a falta de espaço para a estocagem, uma vez que o escoamento não será imediato. Pelo menos esta é a previsão feita pelo produtor e vice-presidente do Sindicato Rural de Sorriso (MT), Nelson Picolli.
Ele explica que, como os prêmios pagos nos últimos dois leilões não têm sido suficientes para atingir o preço mínimo, o milho pode ficar mais tempo na região até que seja comercializado. Sendo assim, a carência de espaços para o armazenamento tem levado produtores a deixar o produto à céu aberto, como exemplifica Picolli. “Em Lucas do Rio Verde tem milho guardado à céu aberto. Quando há mais produção e não tem espaço para estocar, o produtor conta com a ajuda do clima para deixar o milho fora de armazéns ou nos silos bag, feitos de lona”.
A estimativa é que 8,3 milhões de toneladas sejam produzidas no Estado, um recorde de produção que tem pressionado os preços para baixo. O Instituto Mato-Grossense de Economia Agropecuária (Imea), divulgou no boletim desta segunda-feira (14) que a desvalorização chega a 51%. Há um ano, a saca era vendida por um preço médio de R$ 12,06, este ano o valor entre R$ 7 e R$ 7,50. Em 2008, neste período da safra o preço era de R$ 17 por saca, 55% a mais.
Nelson Picolli diz que a esperança é que nos próximos anos o erro não se repita e haja mais consciência na hora de plantar. “Espero que os produtores aprendam que para ter lucro é preciso que a demanda seja superior à oferta e assim plantem de acordo com a necessidade do mercado”.
Próximo Leilão – A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) realiza nesta quinta-feira (17) o terceiro leilão, da modalidade Prêmio para Escoamento da Produção (PEP), em Mato Grosso. Nesta edição, Mato Grosso pode comercializar 600 mil toneladas, volume igual às edições anteriores e em 6 regiões do Estado, sendo que em 3 delas houve reajuste no valor do prêmio. Na região 4, da qual faz parte a cidade de Sapezal, o prêmio de R$ 4,62 passa para R$ 5,64. Na região 5, na cidade de Canarana, o prêmio foi reduzido de R$ 5,04 para R$ 3,54. Por fim, na região 6, em Campo Verde, o aumento é de R$ 0,90 e chega à terceira edição por R$ 3,54.
Momentaneamente, Picolli diz que a recomendação, enquanto entidade, é para que os produtores não comercializem o milho em leilões se o prêmio não for cheio, ou seja, não vender se a soma do prêmio com o preço de mercado for inferior ao preço mínimo, calculado em R$ 13,98.
O presidente da Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso (Aprosoja), Glauber Silveira, diz que o deságio é consequência da concorrência entre as empresas, e que os produtores pouco têm a fazer sobre isso. “Quem interfere na questão do deságio são os compradores. O que os produtores podem fazer é não vender, até porque o Ministério da Agricultura anunciou que fará quantos leilões forem necessários”.
O gerente de operações da Conab em Mato Grosso, Charles Córdova Nicolau, comenta que no Estado devem ocorrer as 12 edições de leilão previstas, mesmo com a queda na estimativa de produção. “Mesmo com a redução na previsão de 8 milhões de toneladas para 7,1 milhões, feita pela Conab, os 12 leilões devem acontecer porque não está sendo comercializado o total ofertado”. Quanto aos reajustes, Nicolau diz que foram feitos após uma reavaliação nos preços do frete e de mercado das regiões.