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Milho preocupa produtor

Clima e preço do cereal deixam produtores apreensivos no PR. Muitos agricultores optaram por não arriscar com a cultura.

Milho preocupa produtor

Nesta safra, o clima vinha ajudando os produtores de milho do Paraná, com volumes de chuva na quantidade e no período certos. Porém, a partir de agora, começa a preocupação com períodos mais longos de frio e o risco de geadas. Além disso, o fantasma do preço baixo depois da colheita também já tira o sono dos agricultores. Por isso, muitos optaram por não arriscar com a cultura.

Produtor de milho há quase 30 anos na região de Londrina, nesta safra Milton Casarolli resolveu dividir a área somente entre aveia e trigo.

“A razão principal é uma razão de mercado. O preço do milho está muito ruim, e a gente tem um custo de produção alto aqui na região. Eu iria fazer um plantio e arriscar “empatar”. Outro problema é uma condição climática também, que há dois, três anos está muito adversa para nós, então eu preferi não arriscar”, disse o agricultor Milton Casarolli.

Muitos produtores dizem que o custo para quem planta com tecnologia chega a R$ 15 a saca. Como o mercado está pagando em média R$ 16,50 no Paraná, o agricultor tem se mostrado pessimista em relação a preços para esta safra de inverno. O Estado ainda tem muito milho estocado nas cooperativas. Nem mesmo os leilões anunciados esta semana pela Conab funcionaram como estímulo para quem plantou.

Este ano, o Paraná reduziu em 12% a área com milho de inverno. Foram plantados 1,3 milhão de hectares. Mesmo assim, a estimativa inicial de colheita da secretaria de agricultura é 30% superior à safra 2009. A produtividade também deve subir para 4,35 mil quilos por hectare. Se a geada não prejudicar a cultura, a produção deve chegar perto de seis milhões de toneladas.

O produtor Salvador Rico também espera alta produção, mesmo reduzindo pela metade da área do ano passado. Para ele, falta uma política mais firme de preços para sustentar o investimento no campo.

“Como eu iria plantar a área total sem incentivo? Sem expectativa nenhuma. Mesmo porque o governo deveria ter uma política séria, que funcionasse, não apenas no papel. Teria que ter um preço mínimo, para garantir ao produtor que eu posso não ganhar, posso “bater na trave”, só que eu não perdi. Para você jogar esse custo que é de R$ 14 a saca, e correr o risco de vir um contratempo e você perder. E você vai tirar dinheiro do bolso, de outros recursos”, avalia Rico.

Para o diretor da Sociedade Rural do Paraná, Antonio Sampaio, o produtor não tem saída, precisa plantar milho para garantir a saúde do solo, através da rotação de culturas.

“O milho é uma rotação com a soja. A boa técnica recomenda a rotação. Tenho que ter no mínimo de 20% a 25% da minha área em milho para fazer a rotação porque senão você começa a abrir uma conta em outro lugar que é a soja”, explica Sampaio.