Redação (04/02/2009)- Preocupado com o impacto da crise global, o Chile quer diversificar os investimentos no país e atrair indústrias brasileiras. Funcionários do governo chileno chegaram ontem a São Paulo para tentar convencer os empresários a apostar em seu país como plataforma de exportação.
"Em época de crise, qualquer vantagem é significativa", disse Liliana Macchiavello, vice-presidente do Comitê de Investimentos Estrangeiros do Chile, referindo-se as aos 19 acordos de livre comércio que concedem acesso privilegiado aos produtos chilenos em 57 países. Liliana esteve ontem na Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) e se reúne hoje com os governos municipal e estadual.
Com uma economia aberta e dependente do preço do cobre (o principal produto da pauta de exportação), o Chile está sofrendo com a crise. Os economistas baixaram a projeção para o Produto Interno Bruto do país de 4,5% para 3,5% em 2008 (o dado ainda não foi divulgado). Para 2009, o crescimento deve ficar entre 2% e 3%. A presidente Michelle Bachelet anunciou um pacote fiscal que pretende garantir um ponto percentual de crescimento para o PIB.
Liliana evitou fazer previsões, mas reconheceu que os investimentos em mineração devem ser adiados por conta da crise. Em 2008, o setor respondeu por 42,3% dos quase US$ 10,5 bilhões de investimento estrangeiro direto que o Chile atraiu. Desde 1974, quando aprovou uma lei favorável ao investimento externo, o país conseguiu US$ 80 bilhões do exterior.
A contribuição do Brasil foi insignificante. Apesar de ser a maior economia da região, o Brasil respondeu por apenas 0,47% do total obtido pelo Chile no exterior entre 1974 e 2008. Entre as empresas brasileiras que já estão presentes no país andino, estão Vale, Odebrecht, Tigre, Banco do Brasil, Bridgestone, Renner e Multibras. As fabricantes têxteis Alpargatas e Santista também se instalaram no Chile para aproveitar o acesso privilegiado ao mercado dos Estados Unidos.
Segundo Liliana, a construtora Camargo Correa começou a investir no Chile em 2008. A funcionária do governo chileno acredita que o setor de eletricidade e gás é uma boa oportunidade para as empresas brasileiras, para atender ao próprio mercado chileno, que é abastecido pela Argentina, o que provoca constantes desavenças.