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Com preço melhor, sojicultor acelera venda para fazer caixa

A cotação média no último mês foi a maior desde outubro de 2008, registrando uma alta de 5% na comparação entre os dois meses.

Redação (05/02/2009)- A restrição na oferta de crédito já faz com que os produtores de soja intensifiquem a comercialização do produto para cobrir as despesas com a safrinha. Ainda que os preços não estejam em patamares considerados remuneradores pelos sojicultores, a cotação média do produto na Bolsa de Chicago em janeiro, de US$ 10,02 a saca (vencimento em maio de 2009), trouxe o produtor do grão de volta à mesa de negociações. A cotação média no último mês foi a maior desde outubro de 2008, registrando uma alta de 5% na comparação entre os dois meses.

Segundo o Instituto Mato-grossense de Economia Agrícola (Imea), órgão vinculado à Federação da Agricultura e Pecuária do Estado (Famato), até o último dia 20 de janeiro os volumes de soja negociados no estado atingiram 45% da produção da safra 2008/2009. Até dezembro, o montante comercializado era de apenas 29%, o que significa que em 13 dias de pregão as vendas de soja tiveram um acréscimo de 16 pontos percentuais.

Segundo levantamento da Cerealpar, houve avanço significativo nas negociações de soja em todo o País durante o mês de janeiro, reflexo da melhora nos preços nos últimos 60 dias. Aproximadamente 17,1 milhões de toneladas da safra brasileira de soja já foram negociadas. No entanto, Steve Cachia, analista de mercado da Cerealpar, ressalta que ainda falta quase 40 milhões de toneladas do produto para trocar de mãos (considerando uma safra de 57 milhões de toneladas).

"O ritmo de negócios continua bem mais lento que no mesmo período no ano passado e na média dos últimos 5 anos", afirmou. "A comercialização está mais adiantada nos estados do Centro-Oeste, reflexo de uma disponibilidade mais cedo do produto novo e necessidade maior de caixa", avalia. Em 2008, os sojicultores mato-grossenses já haviam vendido cerca de 70% da safra até o final de janeiro.

Os produtores do Mato Grosso são os que apresentam maior grau de endividamento no País e ainda enfrentam a desconfiança de alguns financiadores. Esperando compensar as perdas com a soja com a rentabilidade crescente do milho safrinha os produtores da região encontram dificuldade para escoar a produção.

De acordo com Glauber Silveira, presidente da Associação dos Produtores de Soja do Estado do Mato Grosso (Aprosoja), houve uma melhora na liquidez durante o mês de janeiro, mas apenas para o mercado spot ou para vendas futuras do primeiro vencimento. "O mercado melhorou, mas no curto prazo, para receber em abril, maio", disse.

Segundo Silveira, as empresas não estão negociando. "Nem todas estão realizando [os negócios], estão fazendo compras realizadas, com o produtor que já está colhendo", afirma.

O produtor destaca ainda a redução da liquidez nessa safra. Em safras anteriores era possível verificar negócios nos quais os agricultores comprometiam até duas safras a frente. "Hoje as empresas não querem comprar muito para não ter que fazer o reembolso. Ninguém sabe o que o mercado vai virar e elas também estão sem caixa", avalia.

Durante uma reunião na Aprosoja para tratar de projetos paralelos, Carlo Lovatelli, presidente da Associação Brasileira de Óleos Vegetais (Abiove), foi indagado por produtores sobre o acesso ao crédito das empresas do setor na próxima safra, mas não deu uma resposta, segundo fonte presente no encontro.

Hoje representantes da Aprosoja estarão em Brasília participando de uma reunião com a presidente da Confederação Nacional de Agricultura (CNA), Kátia Abreu, para tratar deste e de outros temas como os investimentos em logística no Centro-Oeste.

Valor agregado

As exportações brasileiras de farelo de soja superaram os embarques do grão no mês de janeiro, tanto em receita quanto em volume. Os embarques da soja processada no último mês geraram uma receita de US$ 299,5 milhões, resultado 36,4% superior a janeiro de 2007 e 22,7% maior do que dezembro. Em volume, o desempenho também foi positivo, com exportações de 937 mil toneladas, alta de 39,7% em relação a janeiro e 19,7% superior a dezembro de 2008. O grão gerou receita de US$ 253 milhões com as vendas externas, crescimento de 0,92% sobre janeiro de 2008.