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Agricultura do Mato Grosso está se alicerçando nas fusões

Há muitos exemplos de produtores que não dão conta de tocar seu negócio e acabam partindo para as parcerias.

Redação (09/02/2009)-  Terras caras, queda sobre a renda, endividamento rural, elevados custos de produção e falta de crédito para financiar a safra. Com tantos fatores adversos do lado do produtor, a saída não poderia ser outra: unir forças e juntar trabalho e capital para dar sustentação ao esteio da economia estadual – o agronegócio. O conhecimento e a mão-de-obra vêm do produtor. O dinheiro para tocar o negócio do capitalista ou arrendatário. E o resultado dessa fusão é a produção em maior escala, com melhor resultado para as duas pontas.

Em Mato Grosso, esse movimento já começou entre os grandes produtores rurais, resultando em fusões – inclusive com sócios estrangeiros, sem experiência agrícola – e na expansão do associativismo via cooperativa.

"Temos muitos exemplos de produtores que não dão conta de tocar seu negócio e acabam partindo para as parcerias. Esta é uma forma dele se tornar grande: ou vende sua terra ou se une com um grande capitalista para continuar na atividade, trabalhando e produzindo. Dessa forma o produtor consegue também ampliar seu negócio e atingir outros mercados", diz o presidente da Associação dos Produtores de Soja e Milho do Estado (Aprosoja), Glauber Silveira.

Segundo ele, produtores que têm mais capital acabam arrendando as terras daqueles que estão com dificuldades para sobreviver no setor. "Isso vem gerando maior concentração de terras nas mãos de poucos", observa. Silveira afirmou que as áreas localizadas nas regiões de fronteira apresentam mais problemas, como as dificuldades para se conseguir licenças ambientais e os altos custos da preparação da lavoura.

"As fusões têm ocorrido em Mato Grosso, com um produtor dando suporte ao outro para garantir a permanência de ambos. Muitos ainda não saíram da atividade porque buscaram essas parceiras", aponta o agrônomo Luiz Nery Ribas, gerente técnico da Aprosoja/MT.

"O produtor tem conhecimento e competência para plantar. Mas, não consegue sobreviver em função da falta de renda e dos altos custos da produção agrícola. Ou seja, a crise está excluindo o produtor do sistema e hoje ele está se tornando um prestador de serviços. Ou ele vende a área ou arrenda, trabalhando para a pessoa com quem ele fez o negócio".

O que está faltando, na opinião de Nery Ribas, é renda para o produtor bancar seu próprio empreendimento. "As fusões estão ocorrendo em função desta incapacidade financeira do produtor. E, se a situação não melhorar, esta concentração de áreas nas mãos de poucos, em Mato Grosso, vai continuar".

O diretor executivo da Associação dos Proprietários Rurais do Estado (APR/MT), Paulo Resende, diz que o associativismo via as cooperativas é a melhor forma de fusão. "O cooperativismo agrega uma produção em escala maior e concentra grandes volumes tanto para compra quanto para venda. Com isso, os produtores passam a ter maior poder de barganha na hora de comprar os insumos e fazer os investimentos nas lavouras".

Para ele, as fusões acabam viabilizando o negócio a partir do momento em que os produtores passam a trabalhar em escala maior de produção. "Comprar terra exige muito capital e no final das contas, pode não compensar se ele estiver sozinho", afirma.