Redação (13/02/2009)- A Associação Brasileira da Indústria Produtora e Exportadora de Carne Suína (ABIPECS) reitera a necessidade de reversão da medida adotada pela Rússia, no final do ano passado, que reduziu a cota brasileira de exportação de carne suína àquele mercado e aumentou a tarifa extracota. A ABIPECS espera que o governo brasileiro consiga aumentar a cota do Brasil na reunião desta segunda-feira (dia 16/02), em Moscou, entre uma delegação do governo federal e autoridades russas.
A missão brasileira, integrada por Ivan Ramalho, secretário executivo do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), Célio Porto, secretário de Relações Internacionais do Ministério da Agricultura, Carlos Marcio Cozendey, diretor do Departamento Econômico do Ministério das Relações Exteriores, e pelo embaixador em Moscou, Carlos Paranhos, terá reunião com autoridades do Ministério do Comércio.
Não mais do que três semanas se passaram desde a visita ao Brasil do presidente russo Dmitri Medvedev, em novembro, e o País recebeu a notícia, em dezembro, de que a Rússia, mais uma vez, discriminou o Brasil nas importações de carne suína, reduzindo o acesso brasileiro ao seu mercado e elevando os volumes destinados aos EUA. Isso aconteceu apesar dos apelos do setor de carne suína e de aves para que o governo Lula evitasse a discriminação russa, usando a moeda de troca do apoio brasileiro ao ingresso de Moscou na Organização Mundial do Comércio (OMC).
Com as recentes alterações promovidas pelo governo da Rússia, a cota destinada a outros países – o Brasil, embora o maior fornecedor, não possui cota própria – foi reduzida de 197 mil toneladas para 177 mil t. Os russos também acabaram com a cota destinada a retalhos de carne suína, que era de 32 mil toneladas. Essa redução do acesso brasileiro foi direcionada ao aumento da cota própria dos EUA, que passou de 50 mil para 100 mil toneladas.
O presidente da ABIPECS, Pedro de Camargo Neto, destaca que todo o sistema de cotas da Rússia é baseado em fluxo de comércio de uma década atrás, ignorando a posição atual de grande fornecedor do Brasil. Por ocasião da visita do presidente Lula a Moscou, em 2005, e com o apoio do Brasil ao processo de acessão da Rússia à OMC, a Rússia teria se comprometido a manter os volumes de comércio, o que não vem ocorrendo. "O Brasil explicou, na época, que não tinha sentido apoiarmos a entrada da Rússia na OMC se isso prejudicasse o País", diz Pedro de Camargo Neto.
"Certamente, queremos a Rússia na OMC, mas não podemos pagar por isso. A relação econômica entre Brasil e Rússia, infelizmente, ainda se restringe ao comércio de carnes e de açúcar. Os EUA e a União Européia têm outros grandes interesses econômicos e não precisam, também, ganhar no comércio de carnes", acrescenta Camargo Neto.
"Neste momento de crise, não podemos ver o comércio se restringir ainda mais com alterações políticas em regime de acesso ao principal mercado brasileiro", afirma o presidente da ABIPECS.