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Criadores denunciam frigoríficos

É difícil encontrar um pecuarista que não tenha tido algum problema na hora de receber do frigorífico o pagamento pelo seu gado.

Redação (18/02/2009)- A Associação dos Criadores de Mato Grosso (Acrimat) emitiu ontem um alerta sobre a situação em que se encontram os pecuaristas mato-grossenses. Segundo a entidade, os frigoríficos não estão honrando o pagamento dos bois adquiridos, comportamento que tem deixado o segmento inseguro e apreensivo, desde o segundo semestre do ano passado.

“É difícil encontrar um pecuarista que não tenha tido algum problema na hora de receber do frigorífico o pagamento pelo seu gado”, afirma a assessoria da Acrimat.

O produtor de Pontes e Lacerda (448 quilômetros ao oeste de Cuiabá), Luciomar Machado Filho, disse que é um "sorteado", pois já teve problemas com quatro frigoríficos. "Consegui receber de todos eles depois de muita briga na justiça. Um dos frigoríficos entregou a planta (indústria) para os credores e esta foi a maneira encontrada para não ficarmos no prejuízo". Luciomar reclama que a partir da entrega do gado no frigorífico "não temos mais nenhuma informação, não sabemos realmente para quem estamos entregando nosso produto. A situação está se agravando, na medida em que os frigoríficos perderam o crédito nas instituições financeiras e não temos mais como descontarmos a NPR (Nota Promissória Rural) dentro do limite que eles tinham".

A Acrimat lembra ainda que as plantas frigoríficas estão desativando unidades de abate em diversas regiões do país. Aqui em Mato Grosso, dos 42 frigoríficos com inspeção federal, 12 foram desativados, principalmente do segundo semestre de 2008 para o início deste ano.

Segundo o advogado da Acrimat, Armando Biancardine Candia, "só um grupo deve cerca de R$ 40 milhões aos nossos pecuaristas, e como estão com o pedido de recuperação judicial, barra todas as ações de cobrança de dívida dos mais de 120 pecuaristas, credores da empresa".

Marcos da Rosa, pecuarista e agricultor em Canarana (823 quilômetros a leste de Cuiabá) tem a receber com um único grupo mais de R$ 200 mil. Ontem, mesmo, ele seguia para São José do Rio Preto (SP) pela terceira vez, para tentar falar com os representantes do grupo frigorífico. "Já viajei mais de sete mil quilômetros e ainda não consegui nada. Isso demonstra que temos que fazer regras mais definidas para vender nosso gado e o pecuarista tem que se unir. Nossa esperança é que nossas entidades representativas, como a Acrimat e a Famato, consigam alternativas para o setor ter mais segurança".

"O frigorífico que não pagar o pecuarista deve desistir de trabalhar na atividade, pois o produtor não vai mais vender para aquele que já sabe que não vai receber", alertou o superintendente da Acrimat, Luciano Vacari. Ele disse ainda que a Acrimat está buscando alternativas para dar maior segurança na hora do produtor vender seu gado ao frigorífico. "Estudos estão sendo feitos pela Acrimat para solucionar esse problema que vem afetando o pecuarista e assim diminuir essa insegurança que só tem aumentado com a crise mundial", disse Vacari.