Redação (19/02/2009)- O ano de 2008 foi melhor que o esperado pela direção da Coamo, uma das maiores cooperativas agrícolas da América Latina, que bateu recorde de faturamento e de sobras. O balanço do exercício, divulgado ontem, mostrou receitas de R$ 4,71 bilhões, um crescimento de 35,9% em relação aos R$ 3,47 bilhões registrados em 2007. O aumento das sobras foi de 33,8%, para R$ 315,7 milhões. Desse total, 112 milhões serão distribuídos aos cerca de 21 mil cooperados, de acordo com a participação de cada um nos resultados obtidos.
"Foi melhor do que previmos. Esperávamos R$ 4,3 bilhões", comentou o presidente da cooperativa, José Aroldo Gallassini, sobre a estimativa que havia divulgado em dezembro. Segundo ele, os produtores estavam com grandes volumes de soja e milho e venderam no fim do ano. Outro grão que ajudou no desempenho foi o trigo. A previsão de recebimento era de 6,2 milhões de sacas, mas foram entregues 10,2 milhões de sacas.
Enquanto comemora os números, Gallassini planeja o que vai fazer para evitar que as receitas caiam em 2009 por causa da estiagem que atingiu a safra de verão. A Secretaria da Agricultura espera aumento no produção de milho safrinha no Paraná, mas o executivo adiantou que isso não deve acontecer na região atendida pela cooperativa, que tem sede em Campo Mourão, no centro-oeste do Estado. Segundo ele, a queda esperada é de 7,5%, e a área plantada deve diminuir de 437 mil hectares para 404 mil hectares. O cálculo foi feito com base em venda de sementes e adubos. "É uma área razoável. E o pessoal está assustado com o custo de produção", explicou o dirigente.
Em algumas áreas do Estado a quebra da safra por falta de chuva foi maior, mas a perda de produção esperada para os cooperados da Coamo chega a 18% na soja e 22% no milho. Para ao menos repetir o resultado de 2009, Gallassini disse que vai ter de "fazer uns truques". Entre as alternativas está o incremento de parcerias com associados e não associados e a expansão no Mato Grosso do Sul. Ele também acredita que os preços dos grãos podem ajudar. "Nós, que dependemos de produção, às vezes temos de encarar reduções".
A cooperativa não alterou os planos de investimentos, que somarão R$ 180 milhões de 2008 a 2010 e outros R$ 60 milhões estão previstos para 2011 em modernização da estrutura e da frota de caminhões. As obras de uma indústria de café estão em fase de conclusão e o produto, com a marca Sollus, deverá chegar ao varejo no meio do ano. O lançamento de sua quarta margarina também está no forno e, para a indústria, as novidades são uma gordura para sorvete e para recheio de biscoitos.
Gallassini afirmou que a crise financeira não atingiu a cooperativa. "Houve escassez de crédito para exportação, mas não temos usado esse tipo de financiamento", contou. Segundo o executivo, a cooperativa está "bem capitalizada" e continua contratando pessoal. "Está até faltando gente para as obras que estamos fazendo", disse. A cooperativa atua em 55 municípios nos estados do Paraná, Santa Catarina e Mato Grosso do Sul e tem 4.423 empregados. No ano passado, teve recebimento recorde de 5,01 milhões de toneladas de produtos. Suas exportações somaram US$ 523 milhões.