Redação (04/03/2009)- O crescimento da indústria alimentícia está garantido para 2009, mesmo com a crise que afetou grande parte das indústrias e que levou para baixo a demanda e previsões de expansão para o ano. Depois de projeções mais pessimistas, que levantaram a hipótese da mudança do consumo do brasileiro, que optariam por produtos mais baratos em sua cesta alimentícia, fabricantes, como a Nestlé, Sadia, Kraft Foods e Bertin, estão animados com o mercado. Para o ano, o setor aguarda crescimento entre 3% e 4%, segundo estimativa da Associação Brasileira das Indústrias de Alimentação (Abia).
O setor encerrou 2008 com crescimento de 4,2%, anotando recuo na continuidade do nível de crescimento a partir de setembro. No acumulado dos nove primeiros meses do ano passado, a expansão registrada foi de 5,5%. "O setor teve uma desaceleração de 20% no período e a produção foi ajustada", afirmou o coordenador do departamento de economia da Abia, Denis Ribeiro. De acordo com o economista, um terço dos investimentos previstos deve ser suspenso. No final do segundo semestre de 2008, a associação previu aportes recordes em 2009 de R$ 22 bilhões. Os fabricantes, por outro lado, confirmam a intenção de continuar investindo.
A Nestlé, por meio de nota, informou que os aportes para 2009 estão mantidos. A companhia destacou que medidas que a empresa já toma há alguns anos têm ajudado no período de crise, como ações para "custos controlados, produção adequada e com rentabilidade". O diretor de Mercado Interno da Sadia, Sérgio Fonseca, afirmou que as características do setor blindam o desempenho das fabricantes. "O setor de alimentos é sempre um dos últimos a serem afetados por uma crise financeira e o primeiro a se recuperar, por se tratar de um gênero de primeira necessidade. Além disso, nestas épocas o consumidor costuma escolher marcas nas quais confia, para não correr o risco de errar durante uma compra", afirmou o executivo.
De olho no mercado, Fonseca adianta que novos lançamentos da companhia estão previstos para 2009. Já a Bertin, empresa detentora de marcas como a Leco, Vigor, Danubio e Faixa Azul, está apostando nos lançamentos e espera, para o fechamento do ano, crescimento de cerca de 15%. "Nos primeiros meses do ano não sentimos nenhum reflexo e nem migração do consumidor para outros tipos de produtos", afirmou o diretor de Marketing da Bertin, Marcos Scaldelai. A empresa que possui produtos lácteos destinados a diferentes públicos, não sentiu nenhuma mudança no perfil do consumo. "O segmento de iogurtes sentiria reflexos mais diretos com a crise, mas isso não ocorreu. Estamos com vendas crescentes", afirmou Scaldelai.
Os impactos e diminuição da demanda também não chegaram na Kraft Foods, fabricante de biscoitos como o Club Social e Trakinas, entre outros produtos alimentícios. As novidades previstas pela empresa são uma aposta para o aumento das vendas da empresa para o ano. "O público busca variedade e o mercado brasileiro tem muito que crescer se comparado com os mercados mais desenvolvidos", afirmou a gerente de biscoitos da Kraft, Ana Ferrel. Caso o consumidor opte pela economia – ou downgrade do consumo – a emjpresa enxerga ainda uma nova oportunidade para o crescimento das vendas de determinados produtos, como os biscoitos em embalagem individual. Por conta do crescimento esperado, a fabricante de massas J. Macedo prevê investimentos de R$ 175 milhões no período de 2009 a 2012 na modernização e expansão da capacidade de suas unidades produtivas. A unidade em São José dos Campos (SP), será acrescida em 30 mil toneladas e chegará a 93 mil toneladas ao ano. Esta já é a segunda medida da empresa em 2009. No início de janeiro foi anunciada a aquisição da fábrica mineira de macarrão Chiarini. "Já conquistamos a liderança em vendas na capital paulista e queremos ampliar a nossa participação nos demais mercados de interesse. Como trabalhamos com alimentos básicos, consideramos que o consumo segue o mesmo padrão que no ano anterior", afirmou o presidente da empresa, Amarílio Macêdo.