Redação (06/03/2009)- A decisão do setor avícola brasileiro de reduzir produção para não provocar uma super oferta de frango trouxe uma rápida reação do mercado internacional. Segundo o presidente do Sindicato das Indústrias de Produtos Avícolas do Estado do Paraná (Sindiavipar) e diretor do Setor de Abatedouros e Mercado da União Brasileira de Avicultura (UBA), Domingos Martins, houve uma elevação nos preços em comparação com os negociados em dezembro. "Hoje, apesar do momento de crise econômica, cortes específicos de frango no mercado internacional custam entre US$ 150 e US$ 200 por tonelada a mais que no final do ano passado, o que se torna um alento para a avicultura, que vinha entrando nesse período de crise econômica com muita cautela", avaliou.
Domingos Martins explica que os mercados compradores se mostraram bastante preocupados com a possibilidade de faltar frango devido à decisão brasileira em reduzir a produção. "Percebemos isso durante a Gulfood 2009 (feira do setor alimentício que aconteceu em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos, em fevereiro)", conta.
Atualmente, o Oriente Médio é o principal destino da produção avícola do Paraná. De acordo com levantamento do Sindiavipar, dos dez principais mercados consumidores da carne de frango do Paraná, quatro são do Oriente Médio (Arábia Saudita, Emirados Árabes, Kuwait e Egito), que juntos somaram 30% de participação no volume das exportações paranaenses no ano passado.
A estimativa da entidade é a de que com esse ajuste da produção o Paraná diminua o abate de cabeças de frango em aproximadamente 12%, comparado à média mensal obtida no ano passado. A média mensal de 2008 foi de 101.843.663 cabeças, com a avicultura paranaense finalizando o ano com o abate de 1.222.123.962 cabeças. Apesar disso, o estado irá se manter como o principal produtor de frango de corte do Brasil, respondendo por aproximadamente 27% da produção nacional.
Apesar da sinalização de melhora no mercado externo, algumas empresas do setor estão voltando a redirecionar o produto para o mercado interno, que apresentou também elevação nos preços. É o que está ocorrendo com a Big Frango, de Rolândia (PR). Em dezembro e janeiro, os embarques, que geralmente representam de 30% as 35% da produção da empresa – que abate 360 mil aves por dia – subiram para 50%. "Conseguimos recolocar o produto no mercado do Oriente Médio", conta o presidente Evaldo Ulinski. Mas, ele conta que a partir deste mês voltou a recolocar mais frango no mercado doméstico que está pagando, segundo ele, de 10% a 12% mais que o de exportação. "Retomamos aos níveis de 70% para as vendas internas", acrescenta.
Ulinski conta que a empresa não reduziu alojamentos e nem abates, sobretudo porque conseguiu acessar outros mercados importadores. "Cerca de 80% da nossa produção são de itens de maior valor agregado, como os temperados. Não atuamos muito com a commodity, ou seja, com o frango in natura", justifica.