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Crise econômica já afeta corrente de comércio entre Brasil e China

Apesar da alta das exportações brasileiras para o oriente, o ritmo de expansão é menor se comparado ao período anterior à crise.

Redação (31/03/2009)- O comércio entre o Brasil e a China sentiu os impactos da crise econômica internacional. Dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC) e do Conselho Empresarial Brasil-China mostram que as importações brasileiras da China totalizaram US$ 2,8 bilhões no primeiro bimestre, com queda de 16,6% em relação a igual período de 2008. Já as exportações do Brasil para o mercado chinês somaram US$ 1,4 bilhão com aumento de 17,2% no acumulado de janeiro-fevereiro na comparação com o primeiro bimestre do ano passado. Mas o ritmo de expansão é menor se comparado ao período anterior à crise. Em julho de 2008 os embarques para a China cresceram 50,85% sobre junho.

O secretário executivo do Conselho Empresarial Brasil-China, Rodrigo Tavares Maciel, atribuiu a queda das importações de produtos chineses ao declínio da produção industrial do Brasil a partir do último trimestre de 2008. "A indústria teve a maior participação na pauta de produtos importados da China, cerca de 70%, sendo grande compradora de máquinas e equipamentos e de matéria prima industrial naquele mercado. O recuo deste início de ano não é bom sinal para o Brasil", disse Maciel.

Dados levantados pelo Conselho Empresarial Brasil-China mostram que entre janeiro e fevereiro as compras de máquinas chinesas declinaram 58,7% em receita ante mesmo período do ano passado. Os volumes de carvão coque e hulha importados pelas siderúrgicas nacionais caíram 40,3% na mesma base de comparação.

Do lado das exportações, os números pesquisados pelo Conselho no segundo bimestre de 2009 confirmam trajetória tímida de crescimento iniciada em dezembro. O volume de soja brasileira embarcada para aquele mercado puxou a alta das vendas, registrando um aumento de 389,1% ante janeiro/fevereiro de 2008. Em termos de receita, o aumento foi de 337,1%.

"Os chineses voltaram a estocar soja", informou Maciel, revelando que a Associaçaõ Brasileira das Indústrias de Óleo Vegetal (Abiove) estima para este ano um volume de soja a ser exportado para o país asiático de 13 milhões de toneladas, acima dos 11,8 milhões de toneladas lá colocadas em 2008. Mas, a receita será menor, de US$ 4,3 bilhões por causa da baixa do preço do grão.

No bimestre o minério de ferro teve redução de 3,9% no volume vendido para as usinas chinesas ante mesmo período de 2008. Mas, esse resultado, ainda que no vermelho, já sinaliza melhora ante o último trimestre de 2008 quando as exportações do produto registraram queda de até 30%, observou Maciel. Mas ele acha cedo para prever se, apesar da crise, as vendas de minério superarão até dezembro as 96,4 milhões de toneladas exportadas para a China em 2008.

Levantamento do Observatório Brasil China, da Confederação Nacional da Indústria (CNI), mostra que, no último trimestre de 2008, as exportações brasileiras para a China aprofundaram a tendência de retração observada a partir de agosto. De outubro a dezembro, o Brasil exportou para a China valor correspondente a 43% do registrado no trimestre anterior.

De acordo com a publicação, as exportações para a China se reduziram mês a mês de agosto a novembro do ano passado. Em dezembro, houve uma recuperação expressiva das exportações, de 26,9% em relação ao mês anterior. "Mas ainda se mantiveram (as exportações) nitidamente abaixo dos valores do segundo e do terceiro trimestres do ano (2008)", escreve Pedro da Motta da Veiga, consultor da CNI que elaborou a última edição do Observatório.

"Os dados do relatório mostram o impacto da crise sobre o comércio bilateral", diz Motta Veiga. Ele observa que apesar da tendência de forte retração, consolidada nos últimos meses do ano, a China aumentou, em 2008, sua participação no total das exportações brasileiras e representou 8,29% do total exportado no período. Motta Veiga afirma ainda que, em 2008, manteve-se a forte tendência à "primarização" das exportações brasileiras para a China. No ano passado, os produtos básicos responderam por 78% das vendas brasileiras, ante 75% em 2007.

O Observatório mostra que a participação das exportações brasileiras nas importações chinesas pulou de 1,92% em 2007 para 2,62% em 2008.