Redação (13/4/2009) – Secar e armazenar grãos na propriedade. Essa é uma realidade em 55 propriedades familiares do município de Casca (RS), possível desde a inclusão da tecnologia de secagem e armazenagem de grãos com uso de energia solar. O município tem sido referência em secagem de grãos com uso de equipamentos solares e armazenagem em silos de alvenaria.
Na última safra, 55 produtores secaram e armazenaram 150 mil sacos de 60kg de milho em suas propriedades, apenas no município, o que representa 35% da produção total. Na região administrativa da Emater/RS-Ascar de Passo Fundo, aproximadamente 250 famílias já adotaram essa tecnologia. Essa é uma ação de gerenciamento em benefício do ambiente natural e está prevista na Frente Programática – Responsabilidade Ambiental, que vai ao encontro do Programa Estruturante – Saneamento em Ação, do Governo do Estado.
O sistema consiste em uma tecnologia simples, econômica e sustentável, colaborando na geração de renda dos agricultores familiares do Estado. O secador de grãos utiliza energia solar como fonte de fornecimento de calor, que aquece a temperatura do ar por meio de uma estufa coberta por vidro ou plástico, onde o exaustor faz o ar aquecido passar entre a massa de grãos que está depositada na câmara de secagem.
O técnico da Emater/RS-Ascar de Casca, Justino Alberti, salienta que esse sistema, além de ambientalmente sustentável, é economicamente viável. “O baixo custo e a facilidade de construção e manutenção, a eliminação de taxas e gastos com transporte, o uso de energia alternativa, a autonomia conquistada pelo produtor e a agregação de valor no momento da venda, pela alta qualidade do grão, que chega a ser de 20% a 30%, são algumas das vantagens que o secador solar e os silos de alvenaria propiciam aos produtores familiares”, esclarece Alberti.
Mas as vantagens não param por aí. De acordo com Carlos Ângelo Damo, produtor de suínos do município de Casca, que adota o sistema desde 2002. Os motivos que o levaram a apostar na proposta foram os altos custos de armazenagem, como transporte, impurezas e umidade; a baixa qualidade dos grãos, devido às toxinas; cerca de 80 abortos por ano das matrizes suínas, em virtude da alimentação; o alto custo com medicamentos na ração; a baixa conversão alimentar e a diminuição dos lucros em épocas de crise.
Para Luís Carlos Damo, filho de Carlos, a qualidade dos grãos pode ser considerada o melhor resultado. “Essa qualidade que alcançamos representa para nós a redução na quantidade de grãos necessária para a alimentação dos suínos, a redução da mortalidade em 90% e a melhoria na conversão alimentar”, explica. Hoje, a propriedade tem capacidade para secar e armazenar até 18 mil sacos de grãos, mas a satisfação é tamanha que a família já está ampliando o sistema e aumentando a capacidade para mais 12 mil sacos.
A propriedade recebeu, na Expointer 2008, o prêmio Pioneirismo Rural, em virtude desse trabalho. “Ficamos gratificados, hoje é muito difícil achar uma família trabalhando unida e nós estamos conseguindo isso. O próximo passo é profissionalizar a propriedade”, conta Luís, que está apostando na gestão como ferramenta para crescer ainda mais, com foco na qualidade.