O Noroeste de Minas conta, atualmente, com uma área plantada de 530 mil hectares de grãos, sendo 330 mil de soja. A expectativa é mais do que dobrar essa área nos próximos anos, gerando milhares de empregos. A esperança surge com a implantação do corredor de exportação do Noroeste, que entra em funcionamento hoje, com a inauguração do terminal intermodal de Pirapora, construído pela Ferrovia Centro Atlântica (FCA), controlada pela Vale.
O investimento total será da ordem de R$ 300 milhões, feito pela Vale, em parceria com o governo mineiro. De acordo com o projeto, a partir do terminal, o transporte de soja e outros grãos será feito até o Porto de Vitória, por ferrovia. Para isso, foi reconstruído o ramal ferroviário Pirapora/Corinto, que estava desativado havia 15anos. As mercadorias serão transportadas das áreas produtoras até Pirapora em caminhões e carretas.
Conforme o analista de negócios da FCA, João Artur de Melo Ferraz, um dos principais objetivos do projeto é o estímulo ao aumento da produção e ao desenvolvimento de uma área que compreende 19 municípios do Norte e do Noroeste de Minas, aproveitando as potencialidades da região. O governo do estado se comprometeu a melhorar a infraestrutura, devendo garantir o fornecimento de energia e melhor as estradas da região, para facilitar o escoamento da produção.
“Estamos criando condições de competitividade para a região se desenvolver”, sustenta o analista. Segundo Melo Ferraz, o terminal vai entrar em operação com a movimentação de 500 mil toneladas por ano. Mas a expectativa é de que, até 2013, sejam transportadas 2,6 mil toneladas por ano. Estudo feito pela Campo Consultoria, a pedido da Vale, constatou que o Norte/Noroeste de Minas conta ainda com uma área de 2,5 milhões de hectares apropriada para o cultivo de soja.
“O mais importante é que podem ser feitos novos plantios em toda essa área, aproveitando terrenos já desmatados. Ou seja, não haverá danos ao meio ambiente”, afirma o técnico Alexandre Machado, um dos responsáveis pelo levantamento. Segundo ele, a entrada em funcionamento do terminal de Pirapora já proporciona lucros para os produtores de soja da região. “Os compradores já estão oferecendo de R$ 2,50 a R$ 3,20 na saca da soja para o produto colocado em Pirapora”, explica. Até então, a soja destinada à exportação era levada até Araguari ou Uberlândia, no Triângulo Mineiro.
Uma das vantagens do novo corredor é a distância da ferrovia até o Porto de Vitória – de 1.050 quilômetros. Saindo do Triângulo Mineiro, o produto viaja cerca de 1,2 mil quilômetros até o Porto de Santos. “Também devemos considerar que a exportação por Pirapora ficará mais fácil do que outras regiões produtoras. A soja do Mato Grosso, por exemplo, tem que viajar 1,4 mil quilômetros por ferrovia para chegar ao porto”, compara o analista Ferraz.
O estudo mostrou que existem grandes áreas ideais para o plantio de soja em municípios próximos a Pirapora, como Buritizeiro, Santa Fé de Minas e São Romão. Essas cidades também já vivem a perspectiva de novos investimentos, a partir da descoberta de gás, feita pela Petrobras. O empreendimento do corredor de exportação também desperta interesse de investidores para a compra de terras na região. Hoje, um grupo de Goiás vai sobrevoar a região de Buritizeiro e João Pinheiro, visando à implantação de projetos para o plantio de soja.