Mesmo sendo considerado a última fronteira agrícola do planeta, o Brasil ainda padece de um enorme déficit de infraestrutura logística para acomodar a produção crescente. De acordo com a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), o país tem uma capacidade estática para armazenar 125 milhões de toneladas – a atual safra de grãos está estimada em 135 milhões de toneladas e, não fosse a estiagem em algumas regiões, poderia ter chegado a 145 milhões de toneladas. Nos Estados Unidos, a capacidade de estocagem equivale a 1,8 vezes o total da produção.
“Para o agronegócio ter um ciclo normal de armazenagem, dentro das condições adequadas, seria preciso dispor de uma capacidade de armazenagem 20% superior ao total da produção anual, no mínimo. Isso significa que temos, hoje, um déficit de 40 milhões de toneladas”, avalia Adriano Mallet, diretor da Agrocult Consultoria & Treinamento em Armazenagem.
A situação se torna mais crítica, segundo o especialista, se olharmos para o futuro. Ou seja, considerando as estimativas de um crescimento anual de 5% na produção de grãos e a média histórica de aumento da infraestrutura de armazenagem, que é de 2,5% ao ano, em 2015 o déficit de armazenagem do país será de 70 milhões de toneladas.
“Isso significa que teremos um verdadeiro apagão logístico na área de armazenagem”, afirma Mallet.
Para o especialista, só há uma solução: os grandes produtores rurais, as cooperativas e o governo precisam pensar no médio e longo prazo e elevar os investimentos em armazenagem.
“Com uma maior e melhor estrutura para estocar a produção, o produtor pode escolher a melhor época para comercializar e escoar ar”, conclui Mallet.