Nem bem a atual safra agrícola chegou à mesa da população, o governo já está preocupado em garantir o plantio da próxima safra, a partir de setembro.
Por causa da crise financeira internacional, que estourou em setembro do ano passado, os bancos privados e as tradings, importantes financiadores da safra de grãos, reduziram sua participação no mercado de crédito agrícola. Eles foram responsáveis por cerca de 55% dos financiamentos da atual safra.
“Isso significa que, se no Plano de Safra eles não entrarem, vamos ter que aumentar a nossa participação”, afirmou o ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, em entrevista à Agência Estado.
O assunto foi discutido, na sexta-feira da semana passada, em reunião com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Paulo Bernardo, o ministro da Agricultura, Reinhold Stephanes, técnicos do Ministério da Fazenda, do Banco do Brasil (BB) e do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).
“As palavras do ministro Stephanes foram no sentido de que conseguimos produzir esta safra, vamos comercializar, e agora precisamos produzir a próxima safra”, contou Bernardo. Segundo ele, garantir a próxima safra é o grande desafio do governo neste momento de crédito escasso.
O Banco do Brasil é a principal instituição pública em financiamento agrícola, com cerca de 45% do total oferecido pelo mercado para o agronegócio. No final de março, o Conselho Monetário Nacional (CMN) prorrogou por um ano, até 30 de junho de 2010, a obrigação dos bancos destinarem 70% dos depósitos de poupança e 30% dos depósitos à vista para o crédito agrícola, o que vai garantir R$ 9 bilhões a mais em crédito. Com a medida, fontes do BB estimaram que o banco pode ampliar sua oferta de crédito em 20%.
Mas técnicos do governo admitem que este porcentual pode ser pouco, se não houver um retorno das empresas de trading para o mercado. Os recursos oficiais liberados para a atual safra somaram R$ 78 bilhões. Stephanes acredita que pode chegar a R$ 100 bilhões no próximo plantio.
Paulo Bernardo disse que o governo está fazendo um levantamento, junto aos bancos privados e tradings, de quanto pode ser a participação destes agentes na próxima safra. O governo precisa anunciar o Plano de Safra 2009/2010 em junho. Ele entra em vigor em 1º de julho para que os produtores possam receber os recursos para a compra de insumos e fertilizantes.
O ministro avaliou que a atual safra só não teve problemas porque já estava toda contratada quando estourou a crise. “Provavelmente teríamos uma confusão no campo”, disse Paulo Bernardo.