A Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) receberá ao longo dos próximos cinco anos R$ 6 milhões do Japan International Research Center for Agricultural Sciences (Jircas), empresa de pesquisa vinculada ao governo japonês, para impulsionar as pesquisas com soja transgênica tolerante à seca no Brasil.
A autarquia é uma das 21 selecionadas no edital da Agência de Ciência e Tecnologia do Japão para projetos relacionados às mudanças climáticas – outros quatro selecionados são da América Latina.
A parceria para pesquisa com soja geneticamente modificada tolerante à seca teve início em 2003, quando as duas instituições uniram forças para um objetivo comum: o Jircas entrava com o “mapa da mina” – a transferência do gene DREB (Dehydration Responsive Element Binding Protein ou Proteína de Resposta à Desidratação Celular) – e a Embrapa Soja com sua expertise e uma tecnologia conhecida por biobalística, desenvolvida e patenteada pela autarquia brasileira, na qual “dá-se um tiro com o gene modificado na planta”, explica o pesquisador Alexandre Lima Nepomuceno.
Desde então, os testes em laboratório e estufas apresentaram sucessos. “A planta geneticamente modificada já mostra tolerância maior à seca que a planta convencional”, diz Nepomuceno, PhD em biologia molecular e fisiologia vegetal, e há 20 anos na Embrapa.
Resultados tão bons, diz ele, que nos próximos dias a Embrapa entrará com pedido na Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio) para liberação de testes a campo já na safra 2009/10. A ideia é testar a soja transgênica em seu ambiente natural para ver como ela se comporta – a chamada “prova de conceito”, na qual averigua-se o que funciona ou não.
Uma segunda pesquisa também desenvolvida em parceria com os japoneses utiliza o mesmo gene – com algumas diferenças no DNA – para tolerância à seca e ao calor.
Segundo o pesquisador da Embrapa Soja, o aporte de R$ 6 milhões é importante porque vai permitir a aquisição de novos equipamentos de biotecnologia, material de laboratório e a contratação de pessoal especializado. “Com os recursos disponíveis poderemos aumentar o número de linhagens de soja nos testes; conduzir os testes a campo, iniciar as avaliações de biossegurança e também iniciar a introdução deste gene em cultivares de soja comerciais”, destaca.