A Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) começará na próxima sexta-feira (1), a testar vacinas comerciais já existentes para combater gripes suínas em porcos com o vírus da atual gripe mexicana. O teste é parte de um estudo feito em parceria entre o laboratório virtual da Embrapa (Labex-EUA) e o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA, na sigla em inglês).
Caso as vacinas já existentes surtam efeito no combate à gripe que já é conceituada como uma pandemia pela Organização Mundial de Saúde (OMS), um combate eficaz à doença nos porcos poderá ser verificado num período de 4 a 6 semanas. Atualmente, a OMS estima em aproximadamente 6 meses o prazo para obtenção da vacina específica para seres humanos.
“O que faremos agora é inocular suínos com o vírus e testar as vacinas comerciais que existem no mercado para ver a reação”, explicou a pesquisadora do Embrapa, Janice Zanella, que embarca amanhã para os Estados Unidos. De acordo com ela, o estudo será feito naquele país porque o Brasil não possui porcos infectados com vírus e porque a oferta de vacinas para gripe suína nos Estados Unidos é farta. Caso o experimento dê certo e haja alguma contaminação do vírus nos animais domésticos, o País provavelmente terá de importar a vacina, segundo Janice.
A pesquisadora explica que se o estudo apresentar um resultado positivo o maior mérito para a Embrapa e, portanto, para o Brasil, está no campo do conhecimento científico. “O grande mérito é o descobrimento”, afirmou. Ainda que a maior preocupação dos órgãos internacionais seja o fato de a doença estar sendo transmitida apenas entre os seres humanos, Janice ressaltou que a importância da pesquisa é porque, caso haja alguma contaminação do homem para o animal, a capacidade de transmissão para os seres humanos pode dobrar. “Grande porcentagem da gripe é formada por fragmentos de vírus suínos, portanto a chance de infectar porcos é grande”, considerou.
O estudo será feito com aproximadamente 200 suínos, mas se não surtir um resultado positivo, os pesquisadores partirão para uma nova estratégia. “Vacinas para a gripe há muitas, mas este é um vírus novo”, comentou Janice. A pesquisadora alertou para que, em momentos de apreensão como o atual, os criadores ampliem os controles de biossegurança, como, por exemplo, usar constantemente desinfetante e evitar a entrada de veículos e de visitas nos locais de criação. Caso algum sintoma seja verificado no rebanho, o criador deve procurar auxílio imediato com os órgãos competentes. “Não é preciso desespero, mas é bom ficarmos alerta”, sugeriu.